Embora todos soubéssemos que ele andava por aí, na sombra e mais ou menos escondido, nunca imaginámos que o seu exemplo viesse a ser exaltado pelo primeiro-ministro como um empresário de sucesso e, portanto, como um exemplo a seguir.
É caso para aqui transcrever o que Porfírio Silva escreveu na sua página do facebook: “diz-me quem achas que é um empresário bem-sucedido e dir-te-ei quem és”.
E vem isto a propósito de quê? Vem isto a propósito das declarações de Passos Coelho numa recente sessão pública referindo-se a Manuel Joaquim Dias Loureiro como um homem que “conheceu mundo, um empresário bem-sucedido, [que] viu muitas coisas por este mundo fora e sabe, como algumas pessoas em Portugal sabem também, que se nós queremos vencer na vida, se queremos ter uma economia desenvolvida, pujante, temos de ser exigentes…”.
Apesar de eu não querer aqui julgar Dias Loureiro, pois não quero errar no meu juízo (deixo isso para a justiça!), não posso, porém, deixar de dizer que fiquei tão surpreendido e tão nauseado como, tenho a certeza, a generalidade dos portugueses face a estas declarações de Passos Coelho.
Mas este artigo não é para falar de casos concretos. Eu quero falar da questão geral. De bancos e de negócios que se revelaram e estão a revelar ruinosos para os portugueses.
O que quero aqui trazer são os milhares de milhões de euros que todos estamos a pagar devido aos crimes cometidos na gestão do BPN e do BES. Aquilo de que quero falar é desses profissionais encartados na fraude e no branqueamento de capitais que se cartelizaram em administrações e assessorias bancárias, não para tratarem da economia, mas para desviarem através de esquemas fraudulentos e criminosos o dinheiro dos depositantes e investidores para as suas contas pessoais em paraísos fiscais.
Do que vos quero falar é de homens sinistros, despojados de quaisquer bens pessoais, sem titularidades de propriedades móveis ou imóveis, nem de contas bancárias, pese embora se desloquem em carros topo de gama, de vidros escuros, e descansem em paraísos tropicais com autorização vitalícia para tal dada pelos seus alter-egos!
E que dizer desses negócios virtuais que só existem eletronicamente mas que são reais nos milhões que fazem desaparecer através dos portos ricos que campeiam por esse mundo?
E que dizer das mentiras, em catadupa, ditas com despudor em comissões de inquérito parlamentar por galardoados gestores e administradores, daqueles que tinham prémios de milhares de milhões no final de cada ano?
Enfim… tudo isto é miserável e uma vergonha para todos quantos fazem do trabalho e da seriedade o seu modo de vida quotidiano! E, felizmente, estes são a maioria!
Deputado do PS