As zonas da cidade de Lisboa onde decorrem os arraiais alusivos aos Santos Populares já têm um número “significativo” de contentores do lixo de reforço, disse esta quarta-feira à Lusa o vereador da Limpeza Urbana da autarquia. Nas restantes zonas da cidade, Duarte Cordeiro apelou à população para não depositar lixo durante o dia de hoje, mas sim na quinta-feira.

Os trabalhadores do município de Lisboa, com exceção dos sapadores bombeiros, e entre os quais os da recolha de resíduos, vão levar a cabo uma greve entre as 22:00 de hoje e as 20:00 de quinta-feira.

O vereador da Câmara de Lisboa adiantou que a autarquia tinha preparado “um plano de contingência para toda a cidade”, mas que não será ativado “uma vez que se trata de um dia de greve”. Segundo Duarte Cordeiro, o serviço de limpeza e remoção do lixo, na noite de Santo António, decorrerá normalmente.

O tema também foi debatido na reunião privada de hoje do executivo municipal, que decorreu esta manhã nos Paços do Concelho. Na proposta, subscrita pelo vice-presidente da autarquia, Fernando Medina, e pelo vereador Duarte Cordeiro, estava inicialmente prevista a contratação de 75 trabalhadores na modalidade de contrato de trabalho para o mapa de pessoal do município de Lisboa, porém, este número acabou por ascender aos 150 cantoneiros, nas mesmas condições. A proposta foi aprovada por unanimidade e vai ser levada à Assembleia Municipal.

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O concurso para 150 novos cantoneiros decorre das negociações entre a autarquia e o Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), das quais resultou também a admissão imediata de outros 150 cantoneiros, 125 em regime de contrato de prestação de serviços e 25 em regime de Contrato de Emprego e Inserção (CEI).

Questionado pela Lusa, no final da reunião, o vereador social-democrata António Prôa, da oposição, acusou a maioria socialista de andar “a reboque dos sindicatos”, reconhecendo, contudo, que o diálogo com estas entidades “faz parte de quem governa a cidade”.

As novas contratações traduzem-se, na opinião de António Prôa, numa forma de “tentar mascarar os problemas” já que “claramente que não houve uma antecipação” das dificuldades decorrentes do processo de transferência de competências da limpeza e varredura das ruas para as juntas de freguesia.

Também Carlos Moura, do PCP, frisou o “recuo por parte do executivo [municipal], em termos da contratação de novos funcionários”, o que demonstra que este processo “deixou o município sem capacidade ao nível da recolha de resíduos”.

Em declarações à Lusa, o vereador João Gonçalves Pereira, do CDS, referiu que houve um “salto qualitativo positivo na varredura e na lavagem das ruas”, o que não se verificou, a seu ver, no caso da remoção, onde a situação piorou. Em resposta a estas declarações, o vereador da Limpeza Urbana referiu que “os partidos sabem que [as críticas] não correspondem à verdade” porque a Câmara já tinha anunciado que este seria o período de tomada de decisões e de avaliação da reforma administrativa.

A Associação de Combate à Precariedade também veio criticar, em comunicado, os contratos dos 150 funcionários que entrarão já no mês de junho, exigindo o cumprimento da lei: “Além de estas serem estratégias de precarização generalizada e que afetam centenas de milhares de trabalhadores no país, são ilegais”. Quanto a esta questão, o vereador da Limpeza Urbana assegurou que “não há outras soluções rápidas a não ser” as que foram apresentadas.