A seleção nacional. Será este o maior foco de atenção durante o Mundial 2014, claro. No Brasil, porém, vão andar outras três seleções que o Observador também escolheu para ir acompanhando mais de perto: a brasileira, anfitriã e pentacampeã do mundo, a espanhola, rainha em título na Europa e no Mundo e, por último, a belga, que reúne talvez a fornada mais promissora de jogadores. Por isso, resolvemos traçar um breve perfil de cada uma delas.
O único país a dizer presente em todos os 19 Mundiais que já se realizaram. É obra, mesmo. Ser pentacampeão mundial (1958, 1962, 1970, 1994 e 2002.), também o é. E tem outras. A cada geração que passa – ou seja, por cada dez anos – nasce no Brasil um moleque com os pés a ferver de talento para tocar numa bola de futebol. Se antes o país teve Garrincha, Pelé, Jairzinho, Sócrates, Zico, Romário, Ronaldo e Ronaldinho, agora tem Neymar.
Passemos a explicar: com 22 anos, este moleque tem 200 golos marcados na carreira, está no Barcelona e cumprirá a sua 50.ª internacionalização quando pisar o relvado do Estádio Itaquerão, em São Paulo. Repita-se – aos 22 anos. Milhões de brasileiros esperam que o escrete mantenha a Copa em casa e que Neymar brilhe mais do que os outros. “Já estou maduro para estar ansioso”, garantiu o moleque à Folha de São Paulo, ciente de que apenas três dos outros 22 convocados do Brasil somam mais jogos pela seleção – Julio César (80), Daniel Alves (76) e Maicon (68), todos já trintões.
O resto já é obra de Scolari. Luiz Felipe regressou à canarinha em novembro de 2012 e ao Sargentão foi pedido que colocasse ordem na casa. Assim o fez. Criou uma família, escolheu os seus e manteve-os até este Mundial. Segurou Hulk quando as sobrancelhas se erguiam de desconfiança, aguentou Luis Gustavo no 11 titular e não deixou que as críticas tirassem Fred, o seu avançado, da seleção. Scolari até foi dando, um a um, oportunidades a Kaká, Ronaldinho e Robinho para mostrarem se ainda conseguiam ser a estrela cadente do Brasil. Sim, porque estrela a sério só há uma. O moleque Neymar.
A conversa não muda. Falar hoje do Brasil é dedicar palavras a Neymar. No relvado tem a ginga dos grandes, a facilidade em arrancar para qualquer lado e livrar-se de um inimigo com mil e uma maneiras distintas. Seja a pedalar (passar o pé por cima da bola, sem lhe tocar) ou a simular arrancadas para um lado e sair para outro, é muito difícil decifrar o que o brasileiro quer e vai fazer. Estreou-se em 2010 pela seleção e, no último amigável antes do Mundial, marcou o 200.º golo da carreira, o 31.º pelo escrete. Em Espanha, com o Barça, marcou 31 golos nos 49 jogos em que esteve na primeira época em que experimentou o futebol europeu.
Esta é fácil: Luiz Felipe Scolari. Com mais de cinco anos passados na seleção portuguesa (entre 2003 e 2008), o treinador é um velho conhecido de quem vê o Mundial da margem europeia do Atlântico. E se nos 74 jogos que fez com Portugal já foi capaz de deixar saudade, imagine-se quando saiu do Brasil após dar ao país a quinta Copa do Mundo – em 2002, no Mundial da Coreia do Sul e do Japão. Com Mano Menezes, o seu antecessor, a canarinha estava de rastos, e Scolari chegou a tempo de unir as tropas e guiá-los até à vitória na Taça das Confederações, em 2013 (venceu na final a Espanha, por 3-0). Uma conquista que serviu para inchar ainda mais as expectativas do povo brasileiro para este Mundial.
Aqui a pergunta é mais: o que falta fazerem? Em campeonatos do mundo, o Brasil é o campeão dos campeões. É a única seleção que participou em todas as 19 edições já realizadas (desde 1930), nas quais venceu por cinco vezes. É recorde. Além dos Mundiais que conquistou (1958, 1962, 1970, 1994 e 2002), o Brasil esteve em três finais – em 1950, quando perdeu no seu Maracanã contra o Uruguai e, em 1998, quando caiu em casa dos franceses à lei da cabeça de Zinedine Zidane. Em 1938 e 1978 ainda ficou em terceiro, tendo ainda um quarto lugar conseguido em 1974. Em 19 campeonatos do mundo, só em sete edições o Brasil não marcou pelo menos dez golos. A canarinha só não ultrapassou a fase de grupos em três edições (1930, 1934 e 1966).
Os feitos do Brasil em Mundiais davam para encher um ou dois artigos. Os de Pelé, também – o Rei, como lhe chamam os brasileiros, esteve nos primeiros três campeonatos do mundo conquistados pelo escrete. Portanto, a ideia é mesmo esta – é a melhor seleção de todos os tempos em Mundiais. Ponto final.