Jorge Lacão apresentou esta quinta-feira um apelo enviado à presidente do Partido Socialista, Maria de Belém, para interceder junto de António José Seguro de modo a “encurtar prazos” e marcar um congresso extraordinário e eleições diretas para a liderança do PS.

O deputado socialista disse na Assembleia da República que a maioria dos deputados do PS, incluindo sete dos 12 vice-presidentes desta bancada, pediram a Maria de Belém que ajudasse a clarificar a atual situação do PS, de modo a que “as questões internas dos PS não sejam arrastadas no tempo” e limitem assim “a capacidade de afirmação política do partido”. “Pedimos que, no exercício da sua função moderadora junto do secretário-geral do PS, possa encurtar os prazos com recurso a congresso extraordinário e eleições diretas para a liderança do PS”, apontou Lacão.

Os signatários sustentam no apelo enviado a Maria de Belém que “não se conformam com a situação de um partido dividido e incapaz por demasiado tempo”, apelando para que a presidente faça notar a António José Seguro “os graves inconvenientes” que podem resultar do “retardamento da clarificação da situação interna do partido”.

A presidente do PS limitou-se a afirmar aos jornalistas que irá dar conhecimento ao secretário-geral, António José Seguro, sobre o teor do abaixo-assinado de 45 deputados do PS a defender diretas para a liderança e congresso extraordinário.

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“Recebi o abaixo-assinado e vou dar conhecimento ao secretário-geral do PS”, declarou Maria de Belém quando entrava para a reunião plenária da Assembleia da República. “Não tenho que me pronunciar sobre o conteúdo ou oportunidade do pedido”, disse.

Na reação ao abaixo-assinado, o secretário nacional do PS para a Organização, Miguel Laranjeiro, frisou que estão marcadas e aprovadas eleições primárias para 28 de setembro e advertiu que um congresso extraordinário, pelos estatutos, não elege nova liderança.

“As eleições estão marcadas e vão ocorrer, aliás, com o voto favorável do dr. António Costa”, reagiu Miguel Laranjeiro. “Por isso, até estranho que a candidatura de António Costa tenha recusado debates que as televisões já pediram”, declarou, numa alusão à proposta de linhas gerais de regulamento para as eleições primárias.

“A bancada do PS deve estar concentrada na oposição ao Governo, que ainda hoje apresentou aqui no Parlamento propostas para aumento de impostos no IVA e na taxa social única”, afirmou.

Já sobre a ideia da corrente de António Costa de defender um congresso extraordinário, Miguel Laranjeiro recorreu aos estatutos do seu partido.

“O cargo de secretário-geral é uninominal, sendo eleito por voto direto dos militantes. Portanto, um congresso ordinário ou extraordinário – sendo extraordinário nem sequer é eletivo -, não elege o secretário-geral, que tem toda a legitimidade no exercício do seu cargo”, defendeu o membro da direção do PS.