Portugal caiu com estrondo no arranque do Campeonato do Mundo. Müller, um rapaz de 24 anos que já havia sido o melhor marcador do Mundial de 2010, voltou a fazer das suas e marcou três a Rui Patricio e já conta com oito golos em sete jogos nesta competição. Quatro-zero é duro. Resta vasculhar os livros e os números. Afinal, Portugal já teve algum final feliz depois de um arranque para esquecer?

À sexta participação num Mundial, Portugal assina a segunda derrota na jornada inaugural. Só aconteceu em 2002, curiosamente contra um adversário contra quem ainda vai jogar: Estados Unidos. Donovan, McBride e companhia venceram por 3-2 a seleção de António Oliveira. Aqui não houve final feliz, não senhor. Embora bastasse um empate contra a Coreia do Sul de Guus Hiddink, Portugal seria eliminado na fase de grupos.

Em 2010, Portugal não perdeu mas empatou. A Costa do Marfim de Drogba prometia dar trabalho e cumpriu. Cristiano Ronaldo ainda enviou um míssil ao ferro da baliza costa-marfinense, mas no final ninguém teria arte e engenho para marcar um golo: 0-0. Os comandados de Carlos Queiróz cairiam nos oitavos-de-final aos pés da Espanha, depois do tal golo de Villa em fora de jogo.

Em 1966, 1986 e 2006, a seleção portuguesa começou da melhor maneira. No primeiro venceu a Hungria por 3-1, José Augusto, com dois, e Torres, e chegaria às meias-finais. No México 86 surpreendeu meio mundo e bateu a Inglaterra com um golo de Carlos Manuel, após um belo lance de Diamantino pela direita. Apesar do arranque encorajador, Portugal não passaria dos grupos. Na Alemanha, em 2006, Luís Figo e Pauleta conduziram a seleção à vitória contra Angola (1-0). Essa viagem terminaria na meia-final.

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Conclusão? Ganhar no arranque é, normalmente, crucial para a campanha lusa. Em 1966 e 2006, e após as tais vitórias contra Hungria e Angola, Portugal alcançou as meias-finais. No entanto, em 1986 não ultrapassou a fase de grupos. Apesar de tudo, é ambicioso tentar criar aqui um padrão.

E NOS CAMPEONATOS DA EUROPA, QUE TAL?

Se a conversa for alargada a Campeonatos da Europa, o último exemplo é o mais animador. No Euro-2012, Portugal perdeu na estreia, precisamente, contra a seleção alemã. Mario Gomez foi o herói dessa partida. Os portugueses chegariam à meia-final e só cairiam nos penáltis contra a Espanha.

A primeira vez que Portugal defrontou a Alemanha no arranque de uma grande competição foi em 1984. A partida terminou empatada sem golos e Portugal chegaria às meias-finais. Facto: sempre que Portugal iniciou um torneio contra a Alemanha atingiu as meias-finais. Mais um dado ambicioso, mas 100% rigoroso.

Nas seis participações em Campeonatos da Europa, Portugal registou duas vitórias, dois empates e duas derrotas nos arranques. Quando venceu atingiu as meias-finais (estreia com Inglaterra em 2000) e os quartos-de-final (Turquia, 2008). Quando empatou o resultado foi o mesmo (Alemanha, 1984; Dinamarca, 96). Quando perdeu, pasme-se, chegou à final (2004) e às meias-finais (2012).

Os números dizem que nem tudo está perdido. Resta saber como vão os portugueses digerir esta derrota tão pesada. Pepe é uma ausência certa no próximo jogo. Fábio Coentrão e Hugo Almeida, que saíram por lesão, estão em dúvida. E resta saber se aqueles gestos impróprios de Raul Meireles vão, ou não, resultar numa suspensão.