O Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) estima que Portugal terá poupado cerca de 1,27 mil milhões de euros em 2013 devido aos juros mais baixos dos empréstimos europeus, comparativamente ao que teria de pagar para se financiar nos mercados.
De acordo com o relatório anual do MEE, adotado nesta quinta-feira no Luxemburgo, os países sob programa no ano passado terão garantido “poupanças substanciais” ao financiarem-se junto do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) e Mecanismo de Estabilidade, a taxas de juro “muito mais baixas do que aquelas que teoricamente teriam sido oferecidas pelo mercado”, ao qual, de todo o modo, não tinham acesso.
Portugal, Chipre, Grécia, Irlanda e Espanha estiveram sob programas de resgate em 2013. No caso de Portugal, estima o mecanismo – que procedeu aos cálculos comparando os juros pagos pelos empréstimos europeus com as taxas de juro que os Estados-membros em causa teriam de pagar em condições normais de acesso aos mercados -, a poupança potencial terá atingido os 1,27 mil milhões de euros, o que equivale a 0,8% da riqueza do país.
O documento também estimou, “com fins ilustrativos”, a poupança que cada país terá feito em termos de percentagem da despesa primária.
O documento ressalva que estas estimativas devem ser lidas com alguma cautela, uma vez que, não só as taxas dos mercados para os países em causa não estiveram disponíveis ao longo de 2013, pelo que não refletem os custos financeiros reais, como também porque os pedidos de ajuda de cada países aconteceram em etapas diferentes da crise da dívida soberana, quando diferentes mecanismos de resgate da União Europeia (UE) estavam disponíveis. Do mesmo modo, os futuros custos de financiamento não podem ser extrapolados a partir destas estimativas, assinala o MEE.
O documento também estimou, “com fins ilustrativos”, a poupança que cada país terá feito desta forma em termos de percentagem da despesa primária, para dar uma ideia da folga orçamental que a diferença dos juros pagos terá provocado nas finanças públicas, sendo que os 1,27 mil milhões de euros “poupados” por Portugal representam 1,7% da despesa primária.
Entre os países que em 2013 se encontravam sob programa — entretanto Irlanda, Espanha e Portugal já os concluíram -, a Grécia foi, de forma destacada, quem mais potencialmente poupou com a diferença dos juros pagos pelos empréstimos, pois estes terão representado uma poupança de 8,58 mil milhões de euros, ou seja, 4,7% do PIB (Produto Interno Bruto), ou 3,4% da despesa primária.
O relatório anual do Mecanismo Europeu de Estabilidade foi hoje adotado por ocasião de uma reunião do Conselho de Governadores, que integra os 18 ministros das Finanças da zona euro.
De acordo com o mesmo exercício, Chipre poupou 240 milhões de euros (1,5% do PIB), a Irlanda 680 milhões (0,4% do PIB) e a Espanha 2,43 mil milhões (0,2% da riqueza nacional).
Do pacote total de ajuda externa a Portugal, no montante global de 78 mil milhões de euros, um terço foi concedido pela UE ao abrigo do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira, o MEEF, outro tanto através do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, o FEEF (26 mil milhões cada), e a terceira fatia, de idêntico valor, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
O relatório anual do MEE foi hoje adotado por ocasião de uma reunião do Conselho de Governadores, que integra os 18 ministros das Finanças da zona euro, entre os quais a ministra Maria Luís Albuquerque, realizada imediatamente antes de um encontro do Eurogrupo.