Depois de três jornalistas da Al-Jazeera terem sido condenados por um tribunal egípcio a sete e dez anos de prisão, desencadeou-se a nível mundial uma onda de protesto contra o Egito, protagonizada, entre outros, por membros de diversos governos, ativistas de direitos humanos e jornalistas.

Detidos desde dezembro, o australiano Peter Greste, correspondente do canal em língua inglesa da Al-Jazeera, o egípcio-canadiano Mohamed Fadel Fahmy, chefe da delegação da estação no Cairo, e o produtor Baher Mohamed foram condenados a sete anos por alegadamente terem colaborado com uma “organização terrorista”, a Irmandade Muçulmana. Mohamed recebeu uma sentença adicional de três anos por posse ilegal de munições.

Através de um comunicado, o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico William Hague já fez saber que irá convocar o embaixador do Egito em Londres para discutir a “terrível e inaceitável” prisão dos três jornalistas. “Estou chocado com este veredicto contra jornalistas nacionais e internacionais no Egito. A liberdade de imprensa é um dos pilares de uma sociedade estável e próspera”.

Julie Bishop, ministra dos Negócios Estrangeiros australiana, também condenou a decisão do tribunal e deixou claro que o executivo australiano estava chocado pelas sentenças impostas. “O governo não consegue compreender” o porquê deste veredicto, disse Bishop, citada pelo Wall Street Journal. O executivo australiano “apela para que o governo egípcio reflita sobre o tipo de mensagem que esta situação está a passar à comunidade internacional. Liberdade e liberdade de imprensa são fundamentais numa democracia”, acrescentou.

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Para Lynne Yelich, ministra canadiana para os assuntos consulares, o veredicto foi uma “desilusão”. O Canadá irá “continuar a prestar auxílio diplomático a Mohamed Fahmy e garantir que as suas necessidades médicas estão a ser satisfeitas”, refere um comunicado publicado na página do Ministério dos Negócios Estrangeiros canadiano.

Durante a sua visita a Bagdad, o secretário de Estado norte-americano John Kerry também se pronunciou sobre a decisão do tribunal egípcio, afirmando que estava “profundamente perturbado” pelo veredicto. “O sucesso do Egito em termos políticos está dependente do respeito que existe pelos direitos humanos e este veredicto vai contra aqueles que são os principais valores de uma sociedade civil”, explicou Kerry aos repórteres, citado pelo Wall Street Journal.

A Amnistia Internacional considerou que o veredicto assinala “um dia negro para a liberdade de imprensa” e para a Human Rights Watch a decisão “prova que, hoje em dia, ser jornalista no Egito é considerado um crime”.

Jornalistas de todo o mundo solidários

Desde que a decisão do tribunal veio a público, hashtags como #AJtrial, #FreeAJStaff e #journalismisnotacrime tornaram-se tendência a nível mundial, sendo utilizadas por milhares nas redes sociais, em particular no Twitter, como forma de protesto contra o destino imposto aos três jornalistas da Al-Jazeera. Centenas de jornalistas decidiram também mostrar o seu descontentamento não só com a sentença, mas também sobre o modo como a liberdade de imprensa é tratada no Egito. Veja aqui alguns desses tweets.