O Presidente da Câmara dos Representantes dos EUA vai processar a administração de Barack Obama pelo uso da autoridade executiva para mudar leis. John Boehner, republicano, prepara-se assim para pedir à Câmara que aprove uma ação judicial contra Obama para o “obrigar a seguir o juramento e cumprir fielmente as leis do país”. Não especifica, no entanto, a que ação executiva se refere o processo que quer interpor. Ou seja, é mais um processo contra a própria governação de Obama.

“Acredito que o Presidente não está a executar de forma fiel as leis do país e em nome da nossa Constituição acredito que lutar contra isso é do interesse de longo prazo do Congresso”, disse Boehner na quarta-feira para justificar a intenção.

Numa carta enviada aos seus pares na câmara baixa do Congresso, o republicano nunca menciona, no entanto, nenhuma ordem executiva em concreto, escreve o Washington Post. Diz apenas que o “presidente Obama tem contornado o Congresso por meio de ação executiva”, recorrendo as estas ordens que têm força de lei. Ou seja, o despique não é tanto sobre a emissão de ordens executivas mas sobre algo maior, a autoridade de Obama – o que é “muito mais grave”, escreve o mesmo jornal.

A verdade é que, segundo dados compilados pelo Brookings Institute, a administração de Obama está entre as que menos ordens executivas lançaram ao longo da história dos EUA. Roosevelt foi o que mais recorreu à sua autoridade executiva, com 3.522 ordens executivas em 4.422 dias na Casa Branca, enquanto Obama, nesta lógica, está neste momento com um rácio de 0,09 ordens executivas por dia.

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Feitas as contas, a NBC News lembra que, uma vez que a Câmara dos Representantes é controlada pelo Presidente (republicano) e pelos líderes da maioria (democrata) e da minoria (republicanos), o processo judicial pode ir para a frente mesmo que os democratas o rejeitem. O gesto está a ser visto como um indício de ‘impeachment’ – processo formal de acusação que pode resultar no afastamento do cargo -, mas Boehner nega: “não se trata de impeachment, trata-se de obrigar o Presidente a cumprir fielmente as leis do país”, diz.

Entretanto, Josh Earnest, assistente do Presidente e secretário de imprensa da Casa Branca, mostrou-se confiante de que o Presidente norte-americano tem agido dentro da lei e que os republicano apenas introduziram a questão da ação judicial por não estarem de acordo com as políticas de Obama. E que é a “falta de vontade do Partido Repúblicano em assumir compromissos” que tem forçado o Presidente a emitir ações executivas para poder governar.

Um processo nos tribunais envolve sempre dinheiro do Estado, pelo que Josh Earnest se mantém convicto de que “um processo pago pelos contribuintes contra o presidente dos Estados Unidos, por se limitar a fazer o seu trabalho, é um tipo de gesto que a maioria dos americanos nunca irá apoiar”.