A antiga árbitra assistente brasileira Ana Paula Oliveira acredita que Pedro Proença, pela sua experiência, pode atingir a final do Mundial2014 de futebol, considerando normal o desempenho menos conseguido de Cristiano Ronaldo no torneio brasileiro.

Atual comentadora de um canal de desporto do Brasil, a antiga árbitra, que ficou famosa mundialmente por ter posado para uma revista masculina, diz que admira Pedro Proença, que lidera a equipa de arbitragem portuguesa no Mundial2014, pela “forma como atua”, por ser um árbitro “bem preparado fisicamente, que procura deslocar-se e posicionar-se bem no campo de jogo”.

“O Proença é um árbitro experiente, o que o favorece. Como falamos aqui no Brasil, não chegou ontem, já está na estrada há algum tempo. Toda essa experiência será favorável a ele e, com Portugal não seguindo adiante, ele tem grandes chances de, permanecendo e continuando a fazer boas exibições, chegar à final da competição”, admitiu, em entrevista à agência Lusa.

Sobre a arbitragem no Mundial2014, Ana Paula Oliveira considera que tem sido “complicada” e que houve “boas arbitragens, mas também arbitragens caóticas, como foi no jogo do Brasil [com a Croácia], como no do México contra os Camarões”, dizendo que atualmente há “uma prioridade pela condição física”, mas que tem de se “ter cuidado com a questão técnica”.

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Natural de São Paulo, mas residente em Campinas, que foi o “quartel general” de Portugal no Mundial2014, a ex-árbitra disse que a cidade “recebe muito bem”, mas que foi Cristiano Ronaldo que levou a que os dois treinos abertos da equipa das “quinas” tivessem esgotado em poucos minutos.

“O Cristiano Ronaldo é um ícone, todos conhecemos. Eu sou fã do Cristiano Ronaldo, confesso que esperava um pouco mais dele. É normal a euforia do campineiro com ele. E é bonito o respeito que ele teve com o torcedor”, disse.

Sobre o desempenho do “capitão” português, Ana Paula Oliveira diz que “é compreensível o comportamento do Cristiano, não estar tão acima da média como esperado”.

“Ele fez uma temporada extraordinária com o Real Madrid, foi campeão, eleito o melhor do Mundo. Portanto chega na Copa exausto, em fim de temporada, para jogar nas temperaturas altíssimas do Brasil, isso também tem de ser levado em conta”, reconheceu.

Sobre as manifestações que tem havido no Brasil contra a competição, a atual comentadora disse que “não são contra a Copa, mas contra a forma como foi usado o dinheiro público”, esperando que, à semelhança do que aconteceu em 1950, o “escrete” não volte a perder o Mundial em casa.

“Como apaixonada pelo Brasil, não quero ‘maracanazo’ [forma como ficou conhecida a derrota com o Uruguai], quero hexa. Como comentadora, tenho a consciência de que a nossa seleção terá de suar muito para que não aconteça um ‘maracanazo’. Temos seleções como Holanda, Alemanha, como a própria Argentina, que são candidatas ao título, mas como brasileira, sem dúvida, não quero que aconteça”, frisou.

Para Ana Paula Oliveira, o Brasil já perdeu na questão económica e política, com os enormes gastos, esperando que o património cultural que é o futebol saia vencedor.

“Que esse património cultural saia vitorioso com a vitória no Maracanã. Não podemos perder duas vezes, porque já perdemos com os altos custos e isso o Mundo já sabe. Portanto vamos ganhar com o nosso maior património cultural que é o futebol”, concluiu.

Texto: Nuno Filipe Ortega, agência Lusa