As taxas de juro implícitas da dívida pública portuguesa a dez anos estão a subir, nesta segunda-feira, para o nível mais elevado das últimas três semanas, de acordo com a Bloomberg. A desvalorização dos títulos emitidos pelo Tesouro, que se deve a um movimento de vendas superior à procura, deve-se, segundo a agência, à preocupação dos investidores em relação ao Banco Espírito Santo (BES), cujas ações estão em queda na Euronext Lisbon.
A alienação de obrigações do Tesouro portuguesas estará, “provavelmente, a ser motivada por preocupações com ajustamentos que venham a ser feitos no balanço do Banco Espírito Santo relativo ao primeiro semestre” de 2014, afirmou à Bloomberg Soeren Moerch, responsável pelo departamento de transação de títulos de rendimento fixo no Danske Bank, em Copenhaga. O analista acrescentou, no entanto, ver “qualquer movimento de venda como uma oportunidade de investimento, já que se mantêm as perspetivas positivas” sobre o mercado de dívida pública.
As taxas de juro das obrigações a dez anos colocadas pelo Estado português registavam uma subida de 0,09 pontos percentuais, para 3,65%, às 12h44, depois de terem trepado até 3,68%, o nível mais elevado desde 5 de junho passado. Em simultâneo, as ações do BES estavam a perder 6% na bolsa de Lisboa, depois de terem registado uma queda de 11% na sessão de sexta-feira, 27 de junho. A Bloomberg assinalou, ainda, que a descida do banco colocou o respetivo valor de mercado a um nível semelhante ao do Millennium BCP.
“Até agora, o setor bancário não foi um problema em Portugal”, afirmou Alessandro Giansanti, analista do ING em Amesterdão, mas, acrescentou, “temos vistos noutros países que os investidores são sensíveis a este tema. Existe o risco de Portugal vir a ter de injetar capital [no BES] e este pode não ser um caso isolado. Posto isto, a história do BES pode criar maior tensão sobre os ‘spreads’ da dívida pública”.
A diferença entre as “yields” a dez anos de Portugal e da Alemanha estavam, hoje, a aumentar dez pontos base, para 2,41 pontos percentuais. O fosso, que chegou a atingir 15 pontos percentuais em 2012, caiu para 1,93 pontos a 11 de junho, o valor mais baixo desde Maio de 2010, quando a Grécia foi alvo do primeiro resgate.