Mais de 75% das pessoas em idade fértil não tencionam ter filhos nos próximos três anos. Segundo o Inquérito à Fecundidade de 2013, publicado esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística, no caso das mulheres o valor atinge os 73,6% e no caso dos homens 76,4%.

Com base na análise sobre a fecundidade intencional no curto prazo, ou seja, a intenção de pessoas em idade fértil (18 aos 49 anos de idade) terem filhos biológicos nos próximos três anos, os dados do INE mostram que a “maioria das pessoas (53,2%) não pensa ter (mais) filhos”. Juntando a estas as que não pensam ter filhos nos próximos três anos (21,9%), a percentagem sobe para 75,1%.

“No conjunto das mulheres dos 18 aos 49 anos de idades e dos homens dos 18 aos 54 anos de idade, residente em Portugal, apenas 20,8% pensam vir a ter mais filhos nos próximos três anos (21,8% das mulheres e 20,o% dos homens)”, diz o INE, .

O inquérito sublinha, ainda, que “são os homens de naturalidade estrangeira aqueles que desejam ter um número médio de filhos mais elevado”. Também as “pessoas que vivem com companheiro/a, numa relação conjugal não formal, são aquelas que esperam vir a ter e desejam mais filhos”.

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Quanto mais qualificados, mais tarde vem o primeiro filho

Segundo o Inquérito à Fecundidade do INE, a qualificações têm impacto no adiamento da maternidade e paternidade. Tanto as mulheres como os homens mais qualificados têm o primeiro filho mais tarde: 29,9 anos para as mulheres com ensino superior, contra 23,9 anos para as mulheres com escolaridade até ao ensino básico. Os homens que fizeram um curso superior têm o primeiro filho aos 31,5 anos. Pelo contrário, os homens com o ensino básico são pais pela primeira vez aos 27,3 anos.

Todos querem mais ajudas para ter filhos

No Inquérito à Fecundidade, a quase totalidade das pessoas considera que devem existir incentivos à natalidade. Os valores, segundo o INE, “são idênticos para ambos os sexos – cerca de 93% das mulheres e 92% dos homens – e transversais a todos os escalões etários.

A media considerada como “a mais importante” é “aumentar os rendimentos das famílias com filhos”, nomeadamente através da redução de impostos sobre famílias com filhos, aumento das deduções fiscais e aumento dos apoios à educação, saúde, habitação e alimentação.

A medida seguinte mais referida como “a mais importante” é “facilitar as condições de trabalho para quem tem filhos , sem perder regalias”.

Têm menos mas querem mais

O estudo estima que as mulheres e os homens residentes em Portugal, têm em média 1,03 filhos, mas pensam chegar aos 1,78 filhos. Um valor é superior ao que se verifica hoje em dia e que permite “equacionar um cenário otimista quanto a uma possível recuperação dos níveis de fecundidade no futuro”, sublinha o INE.

O Inquérito à Fecundidade (IFEC) 2013, realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em parceria com a Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), decorreu entre 16 de janeiro e 15 de abril e foi dirigido a uma amostra de mulheres com idades entre os 18 e 49 anos e de homens com idades entre os 18 e 54 anos.

O inquérito, feito em cerca de 10 mil alojamentos de todo o país e do qual resultaram 7.624 entrevistas, permitiu analisar a fecundidade, para quem tem filhos, para quem (ainda) não tem, em função do número de filhos tidos, do número de filhos que as pessoas (ainda) pensam vir a ter e do número de filhos que desejariam ter.