O candidato às primárias do PS António Costa criticou a emigração de jovens portugueses qualificados rumo ao norte da Europa, argumentando que Portugal está a ajudar a “enriquecer” os países que “já são mais ricos”.
Aludindo a dados divulgados pela Comissão Europeia sobre a situação social e do emprego na Europa, António Costa frisou dizem respeito a algo que deve preocupar todos.
Trata-se da “demonstração de como o euro, como está, é uma moeda única, mas é uma moeda só para alguns e em prejuízo de bastantes outros” países, frisou, na terça-feira à noite.
O candidato discursava, em Évora, numa sessão com militantes e simpatizantes do partido no distrito, realizada no Teatro Garcia de Resende.
Segundo os dados da Comissão Europeia, explicou António Costa, “os países do sul da Europa aumentaram em mais 30% a emigração em direção à Alemanha, à Áustria e à Bélgica”.
“E o desemprego está a aumentar nos países do sul da Europa, em Portugal, Espanha, Itália, França e Grécia”, sublinhou, realçando que a emigração oriunda deste conjunto de países é “a mais jovem” e constituída por “pessoas mais qualificadas”.
Atualmente, continuou, “o nível de qualificação dos novos emigrantes na Alemanha já é superior ao nível de qualificação dos próprios alemães”.
Ora, segundo António Costa, tal situação “significa que estamos a formar os quadros que estão a produzir a riqueza e a enriquecer aqueles que já são mais ricos”, o que vem “agravar o nível de desigualdade no interior da União Europeia”.
Por isso, na nova agenda que disse defender para Portugal, Costa argumentou que o país, mais do que discutir a dívida, tem que defender na Europa a adoção de “um mecanismo de correção das assimetrias” do euro.
“Não podemos continuar a aceitar que haja uma moeda que enriquece os mais ricos e que continua a empobrecer os mais pobres. Isto tem que ser corrigido” e “pode ser corrigido, como acontece em todas as uniões monetárias”, sustentou.
Assim, “agora que acabou este malfadado programa de ajustamento” com a ‘troika’, há que negociar na Europa “a recuperação dos danos causados” nos últimos anos, por essa mesma assistência financeira, disse.
É “como quando uma pessoa é operada e tem que fazer reabilitação” ou como alguém que “tem que tomar antibióticos e, depois, tem que tomar vitaminas para se recompor”, comparou.
“Nós já tomámos antibióticos, já tivemos a operação, agora precisamos da fisioterapia e das vitaminas porque temos que nos recompor para seguirmos em frente”, acrescentou.