Alemanha — França, às 17h (RTP1)

Esta é uma história com barbas. Com tantas que as de Tim Howard, o novo herói nacional norte-americano, e Raul Meireles sentem inveja, tal é a grandeza. O primeiro duelo foi inglório, pois serviu para definir o terceiro e quarto classificados do Mundial da Suécia, em 1958. A figura da partida foi Just Fontaine, um avançado que jogava nos campeões franceses Stade de Reims, a tal equipa que disputou a primeira final da Taça dos Campeões Europeus contra o Real Madrid, em 1956. Fountaine marcou quatro golos no triunfo gaulês sobre os campeões do mundo em título (6-3).

A década de 80 reservou mais dois confrontos e logo nas meias-finais. Em 1982, no Mundial de Espanha, a partida entre ambas as seleções ficaria na memória como um dos melhores jogos de sempre. Os franceses acabariam por perder o acesso à final e alguns dentes. Sim, uns dentes. É que o senhor Schumacher, o impetuoso guarda-redes germânico, atropelou Battiston e deixou-o KO. Platini chegou a admitir que pensou que ele tinha morrido. Conclusão: a Alemanha seguiu em frente e perderia a final contra a Itália de Rossi (1-3).

Para finalizar a sequela, falta ainda falar sobre o Alemanha-França do México-86. Platini, Tigana e companhia voltariam a perder o braço de ferro, desta vez por 2-0, cortesia de Rudi Völler e Brehme. Mais uma vez, os germânicos perderiam na final, agora contra Maradona e companhia (2-3). Será que sempre que vencem os franceses o universo reserva-lhes um triste fado? Veremos…

Vinte e oito anos depois estamos perante um novo duelo, que promete e não é pouco. Cabaye, Matuidi e Pogba contra Lahm, Kroos e Schweinsteiger? Isto tem tudo para fazer faísca e ser uma verdadeira lição de bom futebol. A Alemanha gosta de mandar no jogo, a França aprecia e tem queda para o contra-ataque. Ajuste de contas ou o hat-trick alemão? Resta-nos esperar. Impacientemente. Para já, a Alemanha goleia num duelo muito particular: 7-0 em jogadores engripados. É galo.

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Brasil — Colômbia, às 21h (RTP1)

Psicóloga, venha daí. O relvado é o consultório e já lá estão 23 pacientes à espera de ajuda. Estamos a especular, ok. Mas a conversa com que o Sargentão abordou Regina Brandão pode não ter fugido muito a isto. Quem? Sim, é psicóloga, até já tinha trabalhado com a seleção portuguesa e, desta vez, a sua missão foi abordar as comportas que tantos jogadores brasileiros abriram às lágrimas, antes e depois de, nos penáltis, eliminarem o Chile nos oitavos.

Como tudo, houve casos graves e outros menos alarmantes. Júlio César e Neymar, os mais óbvios. Thiago Silva, o mais criticado. “Tive uma descarga emocional. Quando a gente se entrega ao que ama fazer, é isso mesmo”, reagiu o defesa central, o muro, o capitão de uma seleção que, ao trepar mais um degrau, aumentou o peso da esperança de um país que carrega aos ombros.

Pressão. Muita. É disto que se trata. Tanta que, antes de arrancarem os penáltis contra os chilenos, o capitão se isolou enquanto os restantes jogadores do Brasil se uniu numa roda, em torno de Paulinho, o suplente que animava as tropas. Houve quem não gostasse. E logo um senhor. “Ter sentado na bola quando todos estavam vendo Paulinho dar um chacoalhão, acho que esse era o momento do Thiago. Capitão é uma referência. Tem que assumir seu papel, não é só para escolher o lado do campo”, criticou Cafu, o ex-internacional brasileiro, vencedor da Copa em 2002 (com Scolari e tudo).

Com ou sem choro, a canarinha saiu com vida dos oitavos. Agora, é a vez da Colômbia. Os homens da terra do café, os que protegem entre si um craque que já leva cinco golos e duas assistências. James Rodríguez, o menino maravilha desta Copa (sim, já não é Neymar), o diez na camisola que organiza uma equipa assente no talento de Juan Cuadrado, Camilo Zuniga e, já agora, Jackson Martínez.

Los cafeteros, são estes a próxima lomba no caminho dos brasileiros rumo ao hexacampeonato. A dúvida é se lhe passam por cima, ou se ela é capaz de lhes furar um pneu e acabar com a aventura. Esta Colômbia não brinca — ataca muito, rápido e com tudo. Usa os dois laterais como extremos, recua um trinco para fazer companhia aos centrais e, depois, é deixar os homens com ideias na cabeça virem buscar a bola (James e Cuadrado), e desenharam tudo com os pés.

Até agora, deu gosto em ver. Mas se contra o Uruguai (2-0, nos oitavos) não havia Luis Suárez, agora já haverá um endiabrado Neymar pronto para aproveitar cada perda de bola colombiana que haja no relvado do Estádio Castelão, em Fortaleza. Cuidado com o moleque — já leva quatro golos marcados e, há que escrevê-lo, carrega o resto da equipa às costas. Primeiro aviso. Veremos se não tropeça. Ele e todos os outros brasileiros, porém, pouco cambalearem sempre que tiveram a Colômbia do outro lado do campo: em 25 duelos entre as duas seleções, houve 15 vitórias para o Brasil e apenas duas para os colombianos (com oito empates no meio).