Chega a hora certa de dormir e as crianças e adolescentes deitam-se tranquilamente, sem telemóveis na mão, computadores, tablets ou outras distrações. Dormem as essenciais nove horas, num sono profundo e tranquilo, e acordam no dia seguinte cheios de energia para mais um dia de escola.

Se é pai ou mãe, este é um cenário ideal, quase utópico. A tendência diretamente inversa, a real, já tem nome: chama-se vamping. Os vampiros, que atuam pela noite fora, serviram de inspiração aos jovens que, já na cama, ficam acordados várias horas ligados aos aparelhos eletrónicos. As selfies no Instagram e no Twitter usando a hashtag #vamping já pontuam as noites naquelas redes sociais, como escreve o New York Times.

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Danah Boyd, professor e investigador na Microsoft, tenta explicar o fenómeno. Os jovens “têm um desejo de se ligarem a algo ou a alguém, e a solidão da noite ajuda a terem conversas mais pessoais”, explica, e reconhece que o excesso de atividades a que os adolescentes estão sujeitos também ajuda. “Eles têm os horários super cheios com as aulas, a que se soma a natação, as aulas de música e ainda os trabalhos de casa. O vamping é uma reação ao excesso de tempo lotado, que não os deixa alimentarem os seus interesses pessoais”. O também autor do livro “É complicado: as vidas sociais dos adolescentes da internet” explica que a opção que têm é prolongar as noites.

Noites mais longas significam menos horas de sono, menos atenção na escola, menos descanso do cérebro. Um estudo da Fundação Nacional do Sono, dos EUA, dá conta de que mais de metade dos jovens americanos entre os 15 e os 17 anos dormem, no máximo, sete horas. Menos uma hora e meia do que o recomendado, escrevem. Com os aparelhos eletrónicos que os rodeiam, os investigadores preveem que os adolescentes durmam ainda menos. “Estar nas redes sociais já é uma exigência da vida e, fazendo vamping, é uma forma de manter essa marca”, completa Alice Marwick, professora na Universidade de Fordham University e investigadora na área da internet.

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