Marcelo Rebelo de Sousa relembrou, no comentário desta segunda-feira na TVI, que as contas do BES “foram auditadas pela Troika com um teste de stress, mais do que uma vez nos últimos três anos”. É por isso que o Governo e o Banco de Portugal estão muito preocupados com a crise no BES, referiu. “Em quem é que as pessoas vão acreditar? É que estamos a falar da Troika e do Banco de Portugal (BdP)” disse.

Em causa estava a polémica em torno do Grupo Espírito Santo. Para o comentador, houve três coisas que correram mal. A primeira teve a ver com o facto de as contas terem sido auditadas pela Troika e de nem o Governo nem o BdP terem relacionado os problemas no Grupo Espírito Santo (GES) com o banco.

“A marca é muito semelhante, o GES era dono de um quarto do BES, o BES vendia produtos do GES, havia outras empresas, como a PT, que tinham adquirido ou financiavam empresas do GES, eram acionistas do BES e o BES é acionista da PT. Isto dura desde 2011. Já lá vão quantos governos e quantos governadores do BdP desde 2011?”, questionou Marcelo Rebelo de Sousa.

A segunda teve a ver com o timing, que falhou, a propósito da nomeação da nova equipa de gestão. “A equipa demorou tempo a formular-se e depois houve um problema, que eu não percebo porque é que demorou tanto tempo a resolver, que era sobre quem entrava não ser responsável pelo fecho das contas de junho. A equipa podia ter entrado no começo da semana ficando claro que, entrando em junho, não era responsável pelo fecho das contas”, referiu.

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A terceira coisa que falhou, segundo o comentador, foi o ter faltado “uma palavra de confiança”. “Quando Draghi apanhou a Europa toda naquele pandemónio, disse aos europeus ‘eu vou fazer tudo o que for necessário, não vai haver crise’. [Acerca do BES], o primeiro-ministro e o BdP falaram várias vezes, mas as suas declarações não criaram confiança. Ainda hoje ouvi o ministro da defesa dizer o seguinte: ‘não há razões para alarme especial’. Portanto, há razões para alarme geral?”, adiantou.

O BES comunicou esta segunda-feira a cooptação de Vítor Bento e José Honório para os cargos de presidente e vice-presidente da comissão executiva e a de João Moreira Rato para administrador financeiro da instituição. Sobre a nomeação oficial, Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que é que um problema que ficou resolvido. “Terminou a dinastia Espírito Santo. Ponto final. Ainda há um ou outro membro que acha que vai continuar mas acabou. Começa uma nova fase”, revelou.

Sobre a situação do BES, o comentador adiantou que não vê razão para as pessoas “apanicarem”, mas considera que o governador do BdP não deve esperar pelo fim de semana para ir ao parlamento. “É verdade que já fez comunicado, mas aparecer a dizer ‘eu garanto que o banco realmente é seguro para quem aplicou as suas economias’ [é diferente]”, disse.