A direção da Associação de Profissionais das Artes Cénicas – Plateia anunciou esta quinta feira que pediu uma audiência ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, para falar sobre o impacto dos cortes orçamentais na cultura.
Num comunicado esta quinta feira divulgado, a entidade justifica ter tomado esta iniciativa para “expressar pessoalmente ao chefe do Governo a preocupação com os constrangimentos orçamentais do senhor secretário de Estado da Cultura”, Jorge Barreto Xavier.
A Plateia, que se reuniu há cerca de uma semana com o responsável pela tutela da cultura, pretende falar com Passos Coelho sobre o impacto que os cortes “estão a ter no setor cultural, e em particular na criação artística”.
No comunicado divulgado, a entidade, com sede no Porto, justifica ainda que tomou esta iniciativa para abordar a situação na cultura, “antes da discussão e aprovação do Orçamento do Estado” para 2015.
A Plateia representa cerca de 80 profissionais a título individual e 20 estruturas artísticas do norte de Portugal, das áreas do teatro e da dança, maioritariamente da zona metropolitana do Porto.
Na semana passada, depois da reunião com a tutela da cultura, contactada pela agência Lusa, a direção da Plateia considerou “preocupante” a “desagregação profunda” do setor das artes em Portugal, provocada pelos sucessivos cortes na área da cultura, “acentuados este ano”.
A associação reuniu-se com o secretário de Estado da Cultura no Palácio da Ajuda, em Lisboa, na sequência de um pedido de audiência feito em abril.
Carlos Costa, um dos três membros da direção da Plateia, disse à Lusa, na altura, que não obteve “qualquer eco” do secretário de Estado, na reunião, para resolver os problemas que a associação apresentara.
“Na perspetiva do secretário de Estado, no quadro da situação de crise do país, os recursos que existem são os possíveis, mas o setor e o público que consome espetáculos discorda disso. O possível poderia ser outro”, avaliou.
Sobre as respostas dadas por Jorge Barreto Xavier à Plateia, o membro da direção disse que “apenas se disponibilizou para resolver um problema técnico que tem a ver com a plataforma eletrónica da Direção Geral das Artes” (DGArtes).
“Relativamente às questões políticas, nada tem perspetiva de mudança”, disse Carlos Costa, observando que o país foi penalizado com a crise, mas a cultura “foi a área que mais cortes sofreu, em proporção”.
O impacto dessa situação, salientou, levou à “diminuição do acesso da população à cultura, custos sociais e desregulação laboral” no setor das artes, que estão a “provocar o seu colapso”.
A DGArtes publicou hoje, no seu sítio, na internet, os resultados provisórios dos concursos de apoio de internacionalização das artes, no valor de 425 mil euros, uma semana depois de ter anunciado os resultados provisórios dos apoios pontuais.
A tutela da cultura decidiu este ano não abrir os concursos de apoios anuais, justificando que desta forma pretendia agilizar a operacionalização dos apoios pontuais.