Francisco Pinto Balsemão defendeu esta quinta-feira a necessidade de levar a cabo “reformas fundamentais”, que passem pela alteração da lei eleitoral e por uma revisão da Constituição. O fundador e militante número um do PSD falava durante o jantar de encerramento da sessão legislativa do grupo parlamentar do PSD, onde teceu elogios ao trabalho dos deputados e à postura “determinada” do primeiro-ministro e líder do partido, mas onde também pediu consensos e “entendimentos duradouros”.

Entre as reformas “fundamentais”, Balsemão defendeu a alteração à lei eleitoral, que “já devia estar mais do que revista e adaptada às circunstâncias que nada têm a ver com as circunstâncias da lei eleitoral no tempo em que ela foi apresentada e aprovada”, e a implementação do voto electrónico, que “já devia ter sido estudado e posto em funcionamento”. Mas, mais do que isso, apelou à necessidade de haver uma “revisão constitucional”, que não fosse apenas para “limpar” mas para “equacionar” e repensar questões como a existência de uma segunda câmara no parlamento e a natureza do regime semi-presidencialista.

Segundo Balsemão, a sede para esse debate constitucional é o Parlamento, que diz que não se devia limitar a legislar mas também a conseguir debater as questões essenciais de forma mais “profunda” e ter uma “atividade mais orientada no sentido de consensos duradouros”. “Há anos que defendo que deve haver consenso sobre questões essenciais para além das guerrilhas do dia a dia”, disse. Mas para isso o fundador do PSD teceu críticas ao PS, que “tem dado um triste espectáculo de noite de má língua”, apesar de ter a “mesma visão de democracia ocidental” o que, por isso, mostra que “os entendimentos duradouros são possíveis”.

Num discurso saudosista, recordou os tempos “difíceis” das sessões plenárias de alvoroço, em que “os deputados falavam todos ao mesmo tempo” e as galerias da Assembleia tinham de ser sistematicamente evacuadas, num apontamento à presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, que também estava na sala, e pediu para “se ir mais longe”, em direção a uma “sociedade mais feliz”. “Estamos a meio da ponte e é preciso ir mais longe”, disse, sublinhando que “o futuro passa por acautelar e garantir que os mais velhos tenham um fim de vida tranquilo mas também para dar aos mais novos algo em que eles acreditem”. O objetivo: “uma sociedade mais justa e menos desigual, onde o desemprego deixe de ser uma chaga”, disse.

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O antigo chefe de Governo quis ainda elogiar os deputados do PSD, por “falarem grosso quando é preciso, tanto ao PS como ao PCP e ao Bloco de Esquerda”, e prestar “homenagem” ao atual primeiro-ministro pela forma “determinada” como tem governado e lidado com a coligação com o CDS-PP, “que nem sempre é fácil de gerir”.

Além de Balsemão, também o líder parlamentar Luís Montenegro e o vice-presidente Marco António Costa discursaram esta noite no encontro do partido na Assembleia da República, onde uniram vozes para atacar o partido socialista, que “nunca ultrapassou o problema interno que está a viver” e que, segundo Marco António Costa, não “é capaz de mostrar que futuro quer para o país”. “Prometem coisas para 10 anos mas não dizem como conseguem atingir essas coisas”, atirou ao candidato à liderança socialista António Costa e à sua ideia de entendimentos para uma década.

Sobre o estado de saúde da coligação, Marco António Costa foi claro, afirmando que o governo e a maioria PSD-CDS “são o esteio da estabilidade governativa” e elogiando o “espírito de missão do grupo parlamentar do PSD, como também do CDS, nosso parceiro de coligação”.