O primeiro-ministro português despediu-se esta sexta-feira de Timor-Leste levando um pedaço de terra, para atender a um pedido da sua família, e deixando a promessa de que Portugal continuará a cooperar na construção do Estado timorense.

“Na medida em que nós pudermos ir contribuindo, ajudando e cooperando convosco, sabe que pode contar com o nosso apoio”, afirmou Pedro Passos Coelho para o primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, no Ministério da Justiça, em Díli, onde foi apresentado o projeto de sistema de cadastro de propriedades que está a ser lançado neste país.

Antes de se deslocar para o aeroporto, o primeiro-ministro português partilhou com Xanana Gusmão que teve “um pedido da família assim um bocadinho excêntrico”, acrescentando: “Gostavam de poder ter um bocadinho de terra de Timor”.

Passos Coelho referiu que a intenção era colocar “numa caixinha muito pequenina” um pedaço de terra. “Mas não o queria fazer sem a sua autorização”, afirmou. Xanana Gusmão deu indicação para que o pedido fosse atendido.

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O chefe do executivo PSD/CDS-PP elogiou a forma como está a ser construído o Estado timorense. “Estão a ser feitas muitas coisas ao mesmo tempo”, observou.

Passos Coelho terminou hoje à hora de almoço a sua visita oficial a Timor-Leste, iniciada na quinta-feira.

O programa de hoje durou cerca de cinco horas, e começou com uma visita a Metinaro, a cerca de 30 km de Díli, para leste, onde Passos Coelho assistiu a um exercício dos fuzileiros de Timor-Leste, junto à praia, e visitou o quartel local, para conhecer a formação que está a ser prestada por militares portugueses – e também por australianos – aos timorenses.

Depois, colocou uma coroa de flores e acendeu uma vela no monumento em homenagem aos heróis tombados pela luta de libertação de Timor-Leste.

No centro de formação de Metinaro, o primeiro-ministro ouviu relatos dos problemas de comunicação entre militares portugueses e timorenses e da necessidade de uma estrutura de iniciação à língua portuguesa vocacionada para a terminologia militar – algo que já existe para a língua inglesa.

A questão linguística acompanhou Passos Coelho nesta visita. As dificuldades de difusão do português em Timor-Leste foram referidas por Xanana Gusmão, e o chefe do executivo PSD/CDS-PP deparou-se com vários obstáculos, incluindo falta de livros em língua portuguesa.

O pedido de livros, e também de jornais e revistas, foi-lhe feito hoje por professores da recentemente inaugurada Escola de Referência de Díli, onde Passos Coelho conviveu com crianças timorenses que ali aprendem português.

O primeiro-ministro chamou a presidente do Instituto Camões, Ana Paula Laborinho, que acompanhou a visita a esta escola, para indagar o que se passava em relação à disponibilidade de livros em português.

“Temos de tratar disso”, disse-lhe. Ana Paula Laborinho respondeu que “vai haver uma pessoa específica para coordenar a educação na embaixada”.

Nesta escola de Díli, os alunos falaram pouco, mas juntaram-se para cantar a Passos Coelho uma canção que tinham ensaiado com coreografia: “Somos crianças do mundo / Que precisa de paz e amor / Que precisa de corações abertos / Queremos um mundo melhor”.

“Por isso estamos aqui / Connosco podes contar / E deixaremos a mochila ao lado / Para poder ter abertas as mãos / E os corações cheios de sol”, cantaram, alinhados em filas, abanando os braços.