A líder do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, considerou  que não é aceitável que o primeiro ministro se “mantenha a banhos” no momento em que é anunciada a solução encontrada para o Banco Espírito Santo (BES).

“Nós não vivemos numa ‘bancocracia’, vivemos numa democracia, o primeiro ministro não pode estar a banhos enquanto o dinheiro que cortou em salários, em pensões e em serviços públicos está a ser canalizado para um banco privado”, afirmou, sublinhando que não é admissível que o anúncio tenha sido feito pelo governador do Banco de Portugal.

Catarina Martins falava no passado domingo à noite aos jornalistas, à margem de um comício realizado no centro de Lagos, pouco depois da comunicação pública de Carlos Costa sobre a solução encontrada para o BES, que passa por um plano de capitalização de 4.900 milhões de euros e a separação dos ativos tóxicos dos restantes que ficam numa nova instituição, o Novo Banco.

Apesar da garantia do governador do Banco de Portugal de que o plano de capitalização não afeta as finanças públicas, a líder do BE não se mostrou convencida, argumentando que existe risco para os contribuintes, uma vez que vai ser injetado dinheiro público num banco que vai ser gerido por privados.

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“Aquilo a que estamos a assistir é uma solução que põe em risco o dinheiro dos contribuintes, para entregar um banco limpo a privados, o Banco Novo que Carlos Costa anuncia é um banco limpo por dinheiros públicos, que vai ser gerido por privados”, afirmou Catarina Martins.

Considerando que existem ainda muitas perguntas por responder – como, por exemplo, o que vai ficar no banco bom e no banco mau e quem vai gerir um e outro -, a líder do Bloco acrescentou que vai continuar a acompanhar a situação.

“Podemos chamar nomes novos, podemos tentar encontrar novas formas de o justificar, mas o que acabou Carlos Costa de anunciar foi que o Estado vai fazer um empréstimo gigantesco num sindicato bancário privado, para um sindicato bancário privado ficar com um banco limpo para gerir”, concluiu.