Chama-se Afton Burton, tem 26 anos e diz-se apaixonada por Charles Mason, o homem de 79 anos em prisão perpétua por cinco homicídios, entre eles a mulher grávida do realizador polaco, Roman Polanski. A paixão não é recente: “Star”, assim apelidada pelo homicida, saiu de casa com 19 anos para ir viver mais perto da cadeia onde ele cumpre pena. É a sua única visita e alimenta um site da internet em defesa de Charles Manson.
Nos 45 anos do homicídio perpetrado pela seita de Charles Mason, a CNN entrevistou Star. “O Charlie é tudo o que é ar, árvores, água, animais [em inglês ATWA, o acrónimo de Air, Trees, Water e Animals]”, diz Star, num ar cândido e justificando que os seus sentimentos se prendem com a filosofia ambientalista que Charles tem defendido ao longo dos últimos 40 anos.
“Estou completamente com ele, ele está completamente comigo. Foi para isto que nasci”, responde Star ao jornalista da CNN.
A entrevista foi feita pelos 45 anos do homicídio da atriz Sharon Tate. Tate uma atriz já então considerada uma diva do cinema, era a mulher do realizador Roman Polanski e estava grávida de oito meses. Naquele dia 9 de agosto foi encontrada morta com quatro outros amigos que estavam na casa que tinha arrendado em Los Angeles. Foram apunhalados e, nas paredes, foram deixadas mensagens escritas a sangue.
A “Família de Manson”, a seita liderada por Charles Manson composta por jovens “hippies” ligados ao consumo de droga, foi depois acusada e condenado pelos crimes. Em tribunal, o ataque foi justificado pelo facto de Charles Manson não ter conseguido chegar a acordo com um produtor para gravar um disco. O tal produtor teria vivido naquela casa. Manson não terá estado no local do crime. Mas ficou provado que influenciou os outros acusados.
Star começou a mandar cartas e a falar ao telefone com Manson quando tinha 16 anos. Três anos depois mudou-se para Corcoran, na Califórnia, a mesma cidade da prisão onde o homicida passou os últimos 25 anos. Star diz que ele já a pediu em casamento mais de dez vezes e que ela já aceitou. A cerimónia poderá estar para breve.
“Não me meto nas coisas dos outros. Não julgo ninguém. Não minto. E o Charlie é igual. Ele só quer que o deixem em paz”, diz à CNN. O casal tem contactos físicos limitados. Só se pode abraçar no início e no fim de cada visita. Mesmo se casarem, não poderão ter qualquer encontro íntimo por causa do regime em que Charles está preso.
“Não quero saber o que as outras pessoas pensam. Isso não faz diferença”, disse. “O homem que eu conheço não é o que aparece nos filmes, nos documentários e nos livros. Ele não é assim. Ele não diz às pessoas o que fazer. Ele não é manipulador”, diz. E é por isso que todos os dias trabalha para manter várias páginas de internet e tentar que Charles Manson seja libertado. Mantém a confiança nele porque, diz, acredita que nunca matou.
Charles cresceu em casas de reabilitação. Foi detido vários vezes e era fã dos The Beatles. Achava que um dia seria mais conhecido e teria mais sucesso que eles.