“É difícil escolher um momento que represente a carreira de Robin Williams”, começa por dizer Matt Zoller Seitz no obituário que assina para o site do crítico Roger Ebert. Há vários filmes que marcaram o seu percurso cinematográfico e os espectadores. Selecionámos dez.
1. Bom dia Vietname (1987) Foi o primeiro grande sucesso da carreira de Robin Williams e o papel que o confirmou como um ator dramático. Williams interpretava o papel de Adrian Cronauer, um DJ da Força Aérea norte-americana destacado para Saigão em plena Guerra do Vietname. A frase “bom dia Vietname”, que Williams gritava repetidamente, tornou-se um clássico do cinema.
2. Um russo em Nova Iorque (1984) Três anos antes, Williams fizera um papel que lhe valeu o seu primeiro Globo de Ouro. Era o do músico russo Vladimir Ivanoff, que, chegado à Big Apple, encantado com a liberdade americana, decide desertar da União Soviética.
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3. O clube dos poetas mortos (1989) ‘Carpe diem’ era a palavra de ordem deste filme, que Matt Zoller Seitz considera o melhor da década que se seguiu ao sucesso de Bom dia Vietname. Aqui, Williams desempenhava o papel de John Keating, um professor de inglês idealista confrontado com um conjunto de rapazes de um colégio com regras altamente restritas. Aqui nascia também outro clássico do cinema moderno – a frase “O Captain, my Captain”.
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4. Despertares (1990) Foi a “salvação da sua carreira”, escreve Seitz. Neste filme, em que contracenava com um Robert de Niro cuja personagem acabara de acordar de um coma longo, Williams interpretava o papel de Malcom Sayer, um psicólogo que tinha de lidar com o paciente.
5. Hook (1991) Eis Robin Williams a contracenar com Dustin Hoffman num filme de aventura de Steven Spielberg – um dos géneros preferidos quer do realizador, quer do ator. Aqui, Williams é Peter Bann, que à semelhança do Peter Pan tem de lidar com o Capitão Gancho, que lhe raptou os filhos.
6. Aladdin (1992) Talvez não se recorde, porque quando estreou entre nós Aladdin veio com dobragem em português do Brasil, mas Robin Williams era quem dava a voz ao Génio na versão original do filme. Williams “nasceu para fazer” este papel, afirma Matt Zoller Seitz.
7. Papá para sempre (1993) Segundo a crítica, não é um filme particularmente bem conseguido, mas Papá para sempre (no original, Mrs. Doubtfire) é provavelmente a longa-metragem mais querida de Williams pelos seus fãs. Foi um tremendo sucesso de bilheteira e levou para casa um Óscar de melhor maquilhagem, pelo trabalho de transformar Robin Williams na estranha Mrs. Doubtfire, que, afinal, mais não era do que Daniel Hillard, o homem que apenas queria passar tempo com os seus filhos.
8. Casa de Doidas (1996) Não é dos seus papéis mais conhecidos, mas Casa de Doidas – adaptação do original francês La Cage aux Folles que, aliás, também já mereceu adaptação por parte de Filipe La Féria – mostra-nos um Robin Williams a interpretar Armand Goldman, o dono de um cabaret homossexual que enfrenta o desafio de esconder à família da noiva do filho quem realmente é.
9. O Bom Rebelde (1997) Tornou-se imediatamente num clássico do cinema do fim do século XX e trouxe finalmente a Robin Williams um Óscar: o de melhor ator secundário. Com assinatura de Gus Van Sant, o filme conta a história da relação atribulada entre Will Hunting (que, aliás, dá nome à película em inglês – Good Will Hunting), interpretado por um jovem Matt Damon, e Sean Maguire, o psicólogo representado por Williams.
10. Câmara Indiscreta (2002) Um filme muito contrário ao género com que nos habituou. Robin Williams, aqui Seymour Parrish, começa por ser uma personagem com a qual empatizamos: é um revelador profissional de fotografias completamente sozinho no mundo, não tem família nem amigos. À medida que o filme avança, Parrish desenvolve uma obsessão pouco saudável por uma família específica.
Estes são apenas alguns dos muitos filmes da carreira de Robin Williams. Um dos seus últimos papéis foi o de Eisenhower, no filme de 2013 O Mordomo, mas para história ficam ainda Patch Adams, O Homem Bicentenário, Insónia ou, por fim, Flubber: o professor distraído.
“As lágrimas do mundo são de uma quantidade constante. Por cada pessoa que começa a chorar, noutro local há alguém que pára. O mesmo se aplica ao riso”. As palavras são de À Espera de Godot, a peça de Samuel Beckett que Robin Williams representou em 1998 e que Matt Zoller Seitz recorda, em jeito de conclusão.