Portugal subiu 15 lugares e ocupa o 36.º lugar no ‘ranking’ mundial de competitividade de 2014-2015, divulgado, nesta quarta-feira, pelo Fórum Económico Mundial, recuperando de uma queda que se verificava desde 2005, com exceção de 2011, avança a agência Lusa.

O ‘ranking’ mundial de competitividade continua a ser liderado pela Suíça, seguida por Singapura. Estados Unidos, que subiram dois lugares, Finlândia e Alemanha, que desceram uma posição cada um, ocupam o terceiro, o quarto e o quinto lugares da tabela.

Portugal surge no 36.º lugar do ‘ranking’, invertendo a tendência de queda que se verificava desde 2005, quando o país alcançou o 22.º lugar. O país caiu na tabela durante vários anos, à exceção de 2011, quando subiu uma posição, e no relatório divulgado no ano passado ocupou o 51.º lugar.

O Fórum destaca que “o ambicioso programa de reformas adotado pelo país, que parece começar a dar bons resultados”. Considera, no entanto, que Portugal deve continuar com a implementação completa” das reformas, de modo a combater “as preocupações macroeconómicas persistentes”.

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O contexto macroeconómico (a dívida pública portuguesa é a 6.ª pior entre os 144 países analisados), o desenvolvimento do mercado financeiro e a eficiência do mercado de trabalho receberam as pontuações mais baixas no ranking. A burocracia, a carga fiscal e o acesso ao financiamento são os três fatores apontados como “mais problemáticos” para o desenvolvimento de negócios em Portugal.

Portugal ultrapassa república Checa, Malta e Itália

Para Luís Filipe Pereira, presidente do Fórum de Administradores de Empresas (FAE), se Portugal conseguir aumentar a sua competitividade, muitos dos problemas que levaram às medidas de austeridade, ficariam resolvidos. “Discutimos muito o efeito da crise, mas discutimos muito pouco o que está por baixo, que é a falta de competitividade. É ela que determina o crescimento económico”, adianta Luís Filipe Pereira.

Desde 2006 que o desempenho de Portugal vinha a piorar. O relatório, que compara a competitividade entre 144 países, é composto por indicadores numéricos e objetivos e pela opinião dos decisores empresariais sobre o que se passa nos países em que atuam.

Em 2014, Portugal alcançou um nível semelhante ao de 2006 e conseguiu superar países como a República Checa, Polónia, Malta, Itália e países que, apesar de estarem em vias de desenvolvimento, tinham ultrapassado Portugal no passado, como o Panamá ou o Azerbaijão. No período que é comparável, desde 2005, esta é a melhor posição alcançada por Portugal.

Como fatores de destaque, os responsáveis das associações apontam a inovação, a eficiência do mercado laboral e dos bens de serviços. A inovação foi mesmo considerada um fator decisivo, com o número de patentes por milhão de habitantes a subir para 13.

Os itens que ainda são considerados problemáticos são, sobretudo, a ineficiência da burocracia governamental, impostos, acesso a financiamento, estabilidade de políticas, legislação laboral restritiva, entre outros. Apesar de serem problemáticos, melhoraram face aos anos anteriores e foram um dos contributos para a subida do país no ‘ranking’.

Destes, os impostos e o peso da regulamentação governamental foram os itens que tiveram maior impacto, com uma subida de 12% e 11%, respetivamente. “São fatores em que continuamos mal, mas que melhorámos. No caso dos impostos, talvez tenha tido algum impacto a questão do IRC, mas não podemos esquecer que este relatório também tem em conta a opinião dos empresários”, acrescenta o presidente da FAE,

Os fatores de excelência são, por sua vez, as infraestruturas, estradas, portos, aeroportos, a mão-de-obra qualificada, capacidade de inovação e a ética nas empresas. Há ainda outro fator que é destacado pelos especialistas, a facilidade com que hoje se consegue criar uma empresa, em parte suportada pela diminuição da burocracia. Luís Filipe Pereira refere-se a medidas como o Simplex. Na facilidade de criação de negócios, Portugal ocupa a quinta posição quando em 2006 estava na 89ª.

Entre os pontos positivos, também se encontra o ensino primário e superior (as escolas de gestão ocupam o 4.º lugar na tabela) e a preparação tecnológica.

Quanto à dívida pública, Portugal está em 138º lugar no ‘ranking’ total, mas os responsáveis da FAE e da Proforum (Associação para o Desenvolvimento da Engenharia) adiantam que esse é apenas um dos indicadores em análise e que a competitividade de um país não depende inteiramente dela. E dão o exemplo do Japão, que, apesar de ter a maior dívida pública do mundo está em sexto lugar no ‘ranking’ da competitividade.

O World Economic Forum aconselhou Portugal a não abrandar o seu reforço reformista para ultrapassar o “elevado déficit”, em 107º lugar no ranking, e a enorme dívida pública, em 138º lugar, e propõe intervenções no fortalecimento do setor financeiro, na facilidade de acesso ao crédito, no aumento da flexibilização laboral, da qualidade da educação e da capacidade de inovação.

O relatório foi apresentado na AESE – Escola de Direção e Negócios e serve como guia de consulta para investidores estrangeiros interessados em investir num dos países presentes no ‘ranking’.