Nenhuma empresa do mundo resistiria. Foi assim que Fernando Pinto, presidente da TAP, se referiu ao “problema” que a companhia aérea enfrenta há duas semanas — “o acompanhamento diário da operação e o reportar de qualquer coisinha que aconteça”. O líder da TAP, em entrevista concedida esta quinta-feira à RTP, sublinhou que, em 2014, a companhia registou “menos 250 incidentes” em comparação com a média dos últimos dois anos.
Fernando Pinto, ciente de que estava “a falar para muitos clientes e passageiros”, sublinhou que, até agora, a TAP já efetuou cerca de 73 mil voos este ano. “Mais 1300 do que tivemos em 2013”, revelou, antes de indicar que a companhia aérea registou “menos cinco eventos do que o ano passado”.
A TAP, recorde-se, registou seis incidentes com voos desde o início de junho. O mais recente aconteceu na terça-feira, quando um avião que faria a viagem entre o Porto e Bruxelas, na Bélgica, se atrasou devido a um problema no radar de identificação. Entre 1 de junho e 31 de julho, aliás, 468 voos da TAP foram cancelados. A 9 de agosto, dia em que o sindicato de pilotos da TAP realizou uma greve, foram cancelados outros 70 voos.
Mas Fernando Pinto lembrou que a companhia aérea “tem o índice de fiabilidade de voo perto dos 99%” e que, dentro deste patamar, a TAP costuma ter “1% ou 1,5% dos voos que, por alguma razão, não acontecessem”. Um valor que o dirigente diz situar-se “dentro da média” mundial. “Ontem [quarta-feira], por exemplo, 127 voos foram cancelados na Europa. Nos EUA, foram 191”, indicou.
Questionado sobre um eventual impacto negativo dos recentes incidentes no processo de privatização da empresa, Fernando Pinto disse que “definitivamente [que] não”. E justificou-o: “Temos reduzido os problemas no dia a dia, e a TAP tem crescido e aumentado o seu valor.”
Em relação à alegada falta de pilotos e técnicos, o dirigente lembrou que a TAP perdeu “50 técnicos nos últimos quatro anos”, garantindo, porém, que a companhia “tem hoje os pilotos necessários e mais uns dez em formação”. No total, acrescentou, “são 900”. Quanto ao atraso na formação de pilotos, Fernando Pinto culpou o Orçamento do Estado (OE), ao lembrar que “todas as empresas públicas” necessitam de “autorização para aumentarem o número de funcionários” — um aval que o presidente da TAP diz que se “atrasou um pouco”.
Pouco depois, indicou que a mesma formação de pilotos “demorou mais seis meses do que o previsto”. Fernando Pinto realçou que a TAP “nunca deixará de investir na manutenção” de aviões e que a empresa “é extremamente conservadora ao nível da segurança” de voo. “Os nossos pilotos são formados para tomarem a decisão certa”, concluiu.