A Douro Azul vai pagar 8,7 milhões de euros, com capitais próprios, pelo Atlântida e vai investir seis milhões de euros para transformar o ferryboat em navio de cruzeiros, disse esta terça-feira à agência Lusa o presidente da empresa. “Na sexta-feira, a Douro Azul passará um cheque de capitais próprios. A Douro Azul tem capitais próprios suficientes para adquirir este navio e está neste momento a negociar com três bancos portugueses o financiamento [de seis milhões para obras de remodelação]. Estou convencido que dos três bancos teremos notícias positivas a muito curto prazo”, afirmou Mário Ferreira.
A adjudicação do navio à Mystic Cruises, do grupo Douro Azul, vai ser formalizada na sexta-feira, anunciou hoje à Lusa fonte dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC). A mesma fonte adiantou que o contrato de compra e venda vai ser assinado às 12:00 nas instalações dos ENVC.
Os ENVC decidiram a adjudicação a 31 de julho, depois de terminado o segundo prazo atribuído à Thesarco Shipping, o armador grego que venceu o concurso para a venda do navio, para pagar os quase 13 milhões de euros que tinha proposto, sem que o tenha feito. O navio foi construído nos ENVC, por encomenda do Governo dos Açores, que depois o rejeitaria em 2009 devido a um nó de diferença na velocidade máxima contratada.
De acordo com Mário Ferreira, o ferryboat vai regressar a Viana do Castelo, aos estaleiros da West Sea, subconcessionária dos ENVC para a intervenção que o vai transformar num navio de cruzeiros, com 105 metros de cumprimento e capacidade para 156 passageiros e 100 tripulantes,
Orçada em seis milhões de euros, a intervenção deverá demorar um ano, estimando a Douro Azul que a embarcação esteja a “navegar a caminho do Brasil na primeira semana de outubro de 2015”. A remodelação incidirá, sobretudo, nos dois pisos atualmente destinados ao transporte de veículos, que serão transformados em quartos de luxo e suítes. A zona técnica, explicou, “não será tocada” por estar dotada de equipamentos “altamente evoluídos, mais apropriados para um paquete do que para um ferryboat”.
Para Mário Ferreira, a embarcação possui “equipamentos e determinadas técnicas construtivas demasiado luxuosas e demasiado exigentes para um ferry que deveria transportar camiões e carros”. Questionado sobre a rejeição do navio pela transportadora açoriana Atlânticoline, o empresário recusou envolver-se “nesta polémica”.
“Já faz parte do passado. Não compreendo nem me compete a mim compreender ou não o porquê do ferry não ter sido aceite. Eles lá terão as suas razões. Para mim o navio é excelente e estou certo que superará as expectativas para o propósito a que está destinado”.
O Atlântida vai ser “um navio de cruzeiros internacionais que poderá navegar em todo o mundo”. Numa primeira fase, vai “estar orientado para trabalhar na Amazónia, Brasil”. Quanto ao novo nome do Atlântida, adiantou que só estará definido no final do ano por estar dependente “das negociações que estão em curso, até final de novembro, com cinco operadores internacionais [E.U.A, Alemanha, Suíça e Inglaterra], interessados em fretamentos de longo prazo, com a Douro Azul, para a Amazónia”.