A menos de 24 horas do referendo, a livraria Waterstones – que tem quatro lojas em Edimburgo – decidiu baixar em 50% o valor dos livros dedicados à independência (ou não) da Escócia. Nos últimos meses, foram várias as publicações editadas e vendeu-se quase tudo. Restam alguns exemplares.

Na Waterstones da Rua George, no centro da capital escocesa, as vendas aumentaram nos últimos seis meses. Segundo o funcionário da loja, a mesa onde agora estão meia dúzia de exemplares passou meses cheia. “Tínhamos que andar sempre a repor”, conta. Nesta livraria, que não é a maior da cidade, vendeu-se uma média de 50 exemplares de cada autor. O livro vencedor – já esgotado – atingiu os 100 exemplares vendidos e chama-se “Scotland Independence – Yes or No”, de George Kerevan e Alan Cochrane.

“Deve ser o livro mais equilibrado que elenca as consequências do voto positivo ou negativo”, diz o funcionário.

Da mesa dos descontos, o funcionário escolhe o livro do reconhecido escritor e artista escocês Alasdair Gray que escreveu “Independence – An Argument for Home Rule”. Na opinião do funcionário responsável pela loja, este é o livro que “representa melhor cada um dos lados”. Uma visão não partilhada pelo The Guardian, que considera a visão do autor uma utopia e “pró-independência”, como o título da obra sugere.

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Entre os livros com 50% de desconto a horas do referendo está, por outro lado, um que é assumidamente contra a independência da Escócia. Chama-se “The Illusion of Freedom – Scotland under Nationalism”, de Tom Gallagher.

“Tentamos ter livros das duas fações porque somos uma livraria privada e não queremos tomar posição”.

Abaixo da mensagem que chama a atenção para a proximidade do “Aye” or “Naw” (o gaélico de “Yes” e “No”) há ainda um livro que foi reeditado. Tinha sido publicado por altura da comemoração dos 300 anos do Ato da União – que uniu o Reino Unido e a Escócia. Assinado por Ian Black, “Scotland vs England – What will they do without us” é mais um livro humorístico que conta piadas sobre cada um dos povos, o inglês e o escocês.

Na livraria há ainda espaço para autores portugueses. Mas apenas dois: Fernando Pessoa com o seu “Livro do Desassossego”. E José Saramago com “O Ensaio sobre a Cegueira”. Nenhum sobre o referendo da Escócia. E ambos em inglês (e não em gaélico, a língua escocesa que apenas os mais antigos do norte da Escócia conhecem, mas que parece estar a viver um revivalismo com os mais jovens a procurar aprender).