O centro da cidade ucraniana de Donetsk, controlado pelos separatistas pró-russos, foi bombardeado esta quinta-feira, com diversos projéteis a atingirem um centro comercial, anunciou o município da cidade do leste da Ucrânia. Esta foi a primeira vez desde a assinatura em 5 de setembro, em Minsk, de uma trégua entre os beligerantes que o centro da cidade voltou a ser atingido, com as milícias russófonas a responsabilizarem o exército de Kiev pelos disparos. Informação divulgada por agências internacionais indica que um trabalhador suíço da Cruz Vermelha terá morrido no ataque.
O ataque surge na sequência dos bombardeamentos de quarta-feira que provocaram a morte de dez civis nos arredores de Donetsk e nas proximidades do aeroporto, que permanece controlado pelo exército ucraniano mas assediado pelas milícias rebeldes. Em comunicado, o município precisou que diversos obuses atingiram o centro da cidade pouco antes das 18h locais (16h em Lisboa), incluindo um centro comercial.
Desde o início da semana que decorrem intensos combates nos arredores do aeroporto de Donetsk, após um período de acalmia a partir de 20 de setembro, quando prosseguiam novas conversações de paz em Minsk para o estabelecimento de uma zona-tampão entre o exército ucraniano e as forças rebeldes. Na quarta-feira, engenhos explosivos abateram-se sobre uma paragem de autocarro, provocando seis vítimas, e sobre uma escola no dia da abertura do ano letivo, com um balanço de quatro adultos mortos. Os rebeldes também acusaram o exército ucraniano pelos ataques. A Amnistia Internacional (AI) confirmou esta acusação, apesar de referir que os rebeldes “colocam alvos militares em bairros habitacionais” e devem “partilhar a responsabilidade”.
Segundo uma estimativa da agência noticiosa AFP, cerca de 70 soldados ucranianos e civis já foram mortos desde o início da trégua. Apesar dos desmentidos do Kremlin, Kiev e a generalidade dos países ocidentais acusam a Rússia de prosseguir o apoio aos independentistas e de contribuir para a destabilização no leste da Ucrânia.
A NATO garantiu no início desta semana que “centenas” de soldados russos permaneciam nos territórios controlados pelos rebeldes, quando o último acordo de Minsk previa a retirada de todas as tropas estrangeiras. O novo secretário-geral da Aliança Atlântica, o norueguês Jens Stoltenberg, exigiu na quarta-feira “uma verdadeira mudança nas ações da Rússia”, ao considerar que o país “mantém a sua capacidade para destabilizar a Ucrânia”.