Mário Soares apontou baterias ao Governo e ao Banco de Portugal pela má gestão de danos após a implosão da crise no Grupo Espírito Santo, acusando o Governo de ter “posto em causa um banco que se deveria ter preservado” e afirmando que a gestão do Banco de Portugal “já devia ter sido modificada”. Sobre Ricardo Salgo, “de quem é amigo”, limitou-se a elogiar o facto de se ter mantido “calado”.
Em entrevista ao jornal i, o ex-presidente da República foi questionado sobre o que queria dizer quando recentemente, num programa da RTP, disse que quando Ricardo Salgado falasse “as coisas iam ficar de outra maneira”. Mas Mário Soares não concretizou, nem foi mais longe. Disse apenas que “Ricardo Salgado, de quem sou amigo, está calado e muito bem”, e que a família Espírito Santo “teve grandes culpas no cartório”.
Sobre um possível regresso de José Sócrates à primeira linha do PS, agora que António Costa vai ser conduzido na liderança do partido, Mário Soares afastou a ideia. “Acho que não é isso que quer fazer”, disse, acrescentando que o ex-primeiro-ministro, de que também diz ser “velho amigo”, quer dar prioridade “ao seu doutoramento”.
Para o histórico socialista, as eleições primárias no PS não deixaram feridas, mas recusa-se a opinar sobre a vida interna do partido, dividida entre seguristas e costistas. Manifesta, no entanto, a sua “simpatia” pelo regresso de Ferro Rodrigues à linha da frente e nota a “dignidade” de António José Seguro no discurso da despedida.
Numa entrevista curta e com respostas pouco elaboradas, o ex-presidente da República deixou ainda recados ao atual Governo de Pedro Passos Coelho, que diz ser “uma pessoa inteligente”. “Chegou o momento de sair do Governo, que tanto destruiu Portugal”, disse.