O vice-presidente e responsável pelo “design” dos produtos da Apple, Jony Ive, disse que “é um roubo” e que é algo “preguiçoso” que haja marcas que alegadamente procuram replicar os aparelhos criados pela marca norte-americana. Numa rara entrevista, concedida à Vanity Fair, o criativo recordou, também, o antigo líder da Apple Steve Jobs como “a pessoa mais incrivelmente concentrada que algum dia conheci”. Mas alguém que não tinha “gentilezas comportamentais”.

A entrevista decorreu perante uma plateia que, no final, teve direito a fazer questões a Jony Ive. Um dos presentes perguntou ao responsável máximo pelo “design” da Apple se este se sentia “lisonjeado” por haver marcas – referindo-se a um caso, o da chinesa Xiaomi – que procuram replicar a aparência dos produtos da marca norte-americana, em particular os iPhone.

“É um roubo” e é algo “preguiçoso”, respondeu Jony Ive, sem problemas em admitir a linguagem “dura”. “Não vejo isso como algo lisonjeador”, asseverou o criativo.

“Quando estás a fazer algo pela primeira vez, não sabes se vai resultar. Passas sete ou oito anos a trabalhar em algo e depois isso é copiado”, afirmou, acrescentando que “a primeira coisa em que penso é em todos aqueles fins-de-semana que podia ter estado em casa com a minha família”. “Acho que é um roubo e é preguiçoso”, acusou Jony Ive.

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A questão do membro da plateia referiu-se especificamente à chinesa Xiaomi, mas a Apple acusa, também, a “gigante” sul-coreana Samsung de copiar o “design” e algumas funcionalidades dos seus produtos. É uma batalha que se arrasta nos tribunais – dentro e fora dos EUA – há vários anos.

Recordando Steve Jobs

O moderador da conversa perguntou a Jony Ive para recordar Steve Jobs, o líder lendário da Apple. Era “a pessoa mais incrivelmente concentrada que algum dia conheci”, disse o criativo, notando que Jobs lhe ensinou a não perder tempo com algo “se não achar, com cada osso do meu corpo, que é uma ideia fenomenal”.

E o famoso temperamento de Jobs? “Era uma pessoa muito concentrada, não tinha gentilezas comportamentais”, diz Jony Ive. A certo dia, recorda, Steve Jobs criticou de forma muito dura o “design” de um qualquer produto, em frente a Ive e a toda a equipa. No final da reunião, Ive perguntou a Jobs porque tinha sido tão duro a criticar algo em que “a equipa se tinha esforçado tanto” e disse ao presidente da empresa que temia pela motivação da equipa após aquelas críticas. “Não, Jony, não estás preocupado com isso. És muito vaidoso, só queres que as pessoas gostem de ti”, atirou Jobs.

Steve Jobs morreu em outubro de 2011, vítima de cancro pancreático.