Os deputados do condado de Dallas votam esta quinta-feira a favor da declaração de um estado de calamidade devido ao vírus do ébola, escreve a Bloomberg. “O condado pode vir a sofrer graves danos, bem como perdas de vidas devido ao ébola”, pode ler-se na proposta a votação.
Nos Estados Unidos, o Centro de Prevenção e Controlo de Doenças (CDC, em inglês) está debaixo de fogo pela estratégia utilizada para lidar com o ébola. Duas profissionais de saúde do Dallas foram contagiadas pelo vírus depois de tratarem Thomas Duncan, um doente liberiano contaminado com a doença. Na quarta-feira, soube-se que a segunda enfermeira infetada, Amber Vinson, 29 anos, foi autorizada a viajar de avião pouco tempo antes de as análises revelarem que tinha contraído a doença.
Antes do voo, Vinson estava a ser monitorizada, medindo regularmente a febre. A enfermeira foi incluída na categoria de “risco incerto”, porque se acreditava que estaria protegida, uma vez que usou todo o equipamento previsto durante o tratamento de Duncan. Dois dias antes, a sua colega Nina Pham tinha sido diagnosticada com o vírus.
Como revelou a NBC News, a enfermeira terá contactado o CDC para saber se podia embarcar apesar de se encontrar com febre e não foi impedida de o fazer. Agora, avança o New York Times, as autoridades estão a tentar identificar e localizar mais de cem passageiros que seguiam no mesmo voo.
Thomas R. Frieden, diretor do CDC, está no centro do furacão. Depois de ter travado os surtos de tuberculose em Nova Iorque e lutado contra a doença na índia, Frieden é agora o rosto do falhanço da resposta da administração Obama ao ébola, escreve o New York Times. Esta quinta-feira será ouvido numa audição no Congresso e espera-se que enfrente duras questões sobre a sua atuação.
Frieden já admitiu alguns erros da agência na resposta ao que aconteceu em Dallas. “Foi o primeiro caso de ébola diagnosticado nos Estados Unidos e penso que devemos todos olhar para o que fizemos e para aquilo que podíamos ter feito de forma diferente porque não devia ter havido contágio. Se um profissional de saúde é infetado, a responsabilidade é de todos nós”, disse na terça-feira. Na quarta-feira foi revelado o segundo caso de contágio no mesmo hospital.
Alguns congressistas republicanos têm criticado o trabalho de Frieden e a administração Obama por uma abordagem que consideram pouco incisiva. O presidente da Câmara dos Representantes, John Boehner, já pediu a Obama para impor limitações às deslocações, algo a que Frieden se opõe. Tom Marino, um republicano da Pensilvânia já pediu a demissão do diretor do CDC. “Esta situação do ébola está a começar a ficar fora do controlo”, disse.