O défice este ano deverá ficar abaixo dos 4% apontados pelo Governo no relatório da proposta de Orçamento do Estado. A notícia foi avançada esta noite pelo social-democrata Marques Mendes que, no seu comentário habitual à SIC, falou na probabilidade de o défice ficar nos 3,7 ou 3,8%.
“O défice deste ano 2014 em princípio vai ficar abaixo dos 4%. Provavelmente nos 3,7 ou 3,8%. São estas as estimativas e previsões do Governo porque a receita fiscal está muito acima do previsto. E isto é a boa notícia que os portugueses podem ter no início do ano”, revelou o comentador.
Acontece que este é o valor de défice apontado pelo Executivo deixando de fora certas operações extra como os empréstimos à Carris e à STCP (1.192 milhões de euros) e outras operações que o Eurostat (gabinete europeu de estatística) está a avaliar, incluindo a recapitalização do Novo Banco, e empréstimos diferidos para os bancos. Na segunda notificação dos procedimentos dos défices excessivos, de setembro deste ano, o Governo estima um défice de 4,8%.
A ser como Marques Mendes afirmou, e se realmente as receitas fiscais estiverem acima do previsto para este ano, então o défice apurado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em contabilidade nacional, deverá ficar-se pelos 4,5 ou 4,6%.
“Parecem uma espécie de viúvas do socratismo”
Marques Mendes iniciou o seu comentário semanal com uma avaliação ao debate na generalidade da proposta de Orçamento do Estado para 2015. “Isto não foi nenhum debate orçamental. Diria que para dois dias foi uma espécie de comício que teve com personagem central José Sócrates. Foi o ausente mais presente em todo o debate”, resumiu o social-democrata, mostrando-se bastante crítico em relação a um Partido Socialista (PS) que disse “não ter estratégia nenhuma” e ter estado sempre “à defesa”.
“Parecem uma espécie de viúvas do socratismo”, ironizou, para dar conta daquilo que diz ser “uma dependência de Sócrates” por parte dos socialistas. “O problema é que o PS não tem discurso sobre o presente e muito menos sobre o futuro. António Costa tem aqui um sarilho monumental que é José Sócrates e tem que o resolver rapidamente. E só tem uma forma que é apostar em caras novas e ideias diferentes”, acrescentou. Para Marques Mendes este debate foi “uma espécie de início de abertura da campanha eleitoral”.
Sobre o caso BES: “Em qualquer país normal do mundo já estava alguém preso”
Questionado sobre a comissão de inquérito do Banco Espírito Santo (BES) que vai arrancar em meados deste mês, o ex-presidente do PSD disse que a “boa notícia” é que “finalmente a comissão está constituída e vai começar a funcionar”. “Já não era sem tempo porque esta semana fez três meses que se detetou o buraco no BES”, lembrou.
Estranhando que os primeiros a serem ouvidos (de um total de 120 pessoas) sejam os reguladores ao invés de “quem criou o problema”, Marques Mendes lamentou ainda que “ao fim de três meses em matéria de Justiça o caso BES continue a ser zero”. “Em qualquer país normal do mundo civilizado já estava alguém preso nesta altura depois de tudo o que aconteceu pois, no mínimo, há gestão danosa”.
Houve ainda tempo para fazer um curto balanço do mandato de Durão Barroso e a conclusão foi que “são muito mais os aspetos positivos do que negativos”.