O primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho, defendeu a necessidade de um “diálogo útil e profícuo” na sexta-feira na Assembleia da República sobre a reforma do IRS e fiscalidade verde.
“Não podem acusar este governo de não governar, tem assumido todas as suas responsabilidades de governação. Isso não isenta o PS de também ser criticado quando houver casos para isso”, afirmou o governante aos jornalistas no Funchal, à margem do jantar de gala da 25ª do evento “as 100 Maiores e Melhores Empresas” no Centro de Congressos da Madeira. Passos Coelho reagiu assim às críticas do líder do PS, António Costa, de que o governo deveria estar mais preocupado em governar em vez de fazer frente aos partidos da oposição.
O governante disse que existem matérias na Assembleia da República, apresentadas pelo Governo, que “gostaria que pudessem ser debatidas com o principal partido da oposição”. “Pelo que sabemos, por iniciativa dos grupos parlamentares da maioria, foi solicitado ao PS uma reunião que terá lugar na próxima sexta-feira no parlamento. Desejo que esse diálogo possa ser útil e profícuo e possamos ainda antes das eleições gerar entendimento sobre matéria importante para todos os portugueses e não apenas para o Governo”, argumentou o primeiro-ministro
Passos Coelho disse ainda esperar que “o diálogo entre partidos, como também entre o Governo e a oposição, seja o mais construtivo possível”. Contudo, apontou que não é preciso “estarem todos de acordo, nem se elogiarem uns aos outros”, sustentando a importância de existir “um diálogo construtivo e compromissos para futuro”. “Nessa medida, continuo a mostra-me inteiramente disponível e interessado em ajudar a aprofundar com os partidos da oposição, neste caso com o maior partido da oposição todo o diálogo que for importante para os portugueses”, concluiu.
O primeiro-ministro foi recebido no Centro de Congressos da Madeira por algumas dezenas de manifestantes, entre os quais sindicalistas e dirigentes regionais do PCP, BE e PTP. Álvaro Silva, responsável da USAM, afeta à CGTP, disse à agência Lusa que o objetivo da concentração era “expressar de forma ruidosa a aversão dos madeirenses pela figura do primeiro-ministro, pelos três anos de empobrecimento que impôs”.
“É só cortar e roubar a quem vive a trabalhar”, “é fácil governar quando a política é só roubar”, “onde estão os milhões roubados dos salários e pensões?”, “está na hora, está na hora do Governo ir embora” e “vão embora, vão embora, a demissão já demora!” foram as palavras de ordem que ecoaram junto do centro. Os apupos dos manifestantes foram também dirigidos aos elementos da PSP quando chegaram ao local, incluindo a Brigada de Inativação de Explosivos, que trouxe cães, para inspecionar o edifício.
A deslocação de Pedro Passos Coelho aconteceu num dia em que o presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, estava ausente da ilha, encontrando-se no Porto para participar numa conferência sobre “Regionalização: ainda uma oportunidade para o país?” e é o convidado no ciclo de debates “Ouvir & Pensar”, do Instituto do Conhecimento IAB.
Esta é a quinta visita de Passos Coelho à Madeira tendo-se deslocado ainda como candidato à liderança do PSD (agosto 2010) a convite do então presidente da câmara do Funchal, Miguel Albuquerque, para o dia da cidade. Depois, em outubro de 2010, já como líder nacional social-democrata, marcou presença no Partido Popular Europeu. Em abril de 2011 e novembro de 2012 regressou duas vezes para estar presente no encerramento de dois congressos regionais do PSD/Madeira.
No Aeroporto da Madeira, Pedro Passos Coelho foi recebido pelo Representante da República e demais responsáveis de autoridades militares, não estando qualquer elemento do Governo Regional.