O padre Pedro Silva, responsável pela paróquia, explicou à agência Lusa que o restauro da igreja permitiu identificar uma pintura barroca no teto da capela-mor que, apesar de estar referenciada pelo historiador Vítor Serrão, esteve durante anos escondida por uma outra mais recente.

A pintura brutesca, datada de 1711, é da autoria de Pedro Peixoto e constitui um dos pontos de interesse histórico da igreja.

A descoberta motivou o atraso da intervenção, orçada em 850 mil euros, dos quais 80% foram financiados por fundos comunitários. As obras da igreja fazem parte de um investimento de dez milhões de euros na regeneração urbana do centro histórico da cidade, para o qual a Câmara Municipal e outras entidades receberam seis milhões de euros de financiamento.

A intervenção implicou obras na estrutura física da igreja, na instalação elétrica e no sistema de som, na iluminação interior e o restauro dos sinos e da arte sacra – desde o retábulo dos altares até às telas e pinturas dos tetos – e do órgão, construído pelo italiano Pietro Antonio Boni no século XVIII.

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“Havia necessidade de fazer melhorias numa igreja que já não sofria obras de fundo desde há 316 anos”, justificou o pároco, segundo o qual o retábulo em talha de ouro estava sujo e a precisar de limpeza.

Além disso, “eram preocupantes as infiltrações, sobretudo por trás da fachada principal. Chovia, o que obrigava a colocar baldes a aparar água e o chão estava sempre humedecido, com tábuas apodrecias, que apresentavam algum perigo”, adiantou.

A igreja, construída no século XVI e ornamentada entre os finais do século XVII e o início do século XVIII por motivos barrocos, de que é exemplo a capela-mor, foi encerrada ao público em dezembro de 2012.

Para dar a conhecer as obras à população e turistas, Pedro Silva adiantou que estão previstas visitas guiadas, concertos de órgãos e jornadas dedicadas à história da igreja.

A inauguração das obras é presidida, no domingo, pelo patriarca de Lisboa, Manuel Clemente.