O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, apresenta na próxima semana, no Parlamento Europeu, propostas para o pacote de investimentos públicos e privados de 300 mil milhões de euros, para os próximos três anos. O plano foi uma das ‘bandeiras’ que Juncker apresentou para o seu mandato com vista a impulsionar a economia europeia, será apresentado na próxima quarta-feira de manhã, durante a sessão plenária do Parlamento Europeu, em Estrasburgo.

Segundo a Reuters, o novo presidente da comissão pretende arrecadar esse dinheiro essencialmente através de financiamento privado. “O nosso objetivo é reunir dinheiro privado para grandes infraestruturas com projetos ligados à energia solar, transporte, banda larga, investigação e desenvolvimento”, disse à agência noticiosa o vice-presidente da Comissão, Jyrki Katainen. Mas é o próprio que assume que os “riscos” não podem todos cair no sector privado, dando força à ideia que o financiamento inicial vai partir de fundos europeus ou de um aumento das contribuições dos vários Estados-membros – opção pouco viável devido ao mau estado das finanças dos 28 e à crescente resistência em contribuir com mais dinheiro para o projeto europeu.

Socialistas europeus apresentaram esta quinta-feira um plano similar, apontando que até 2020 conseguiriam um retorno de 800 mil milhões com um fundo similar.

Devido ao secretismo desta proposta, alguns grupos políticos europeus viram uma oportunidade de lançar para discussão os seus próprios projetos. Na quinta-feira, os liberais europeus ou ALDE, que neste fim de semana estão reunidos em Lisboa, anunciaram um plano que promete arrecadar 700 mil milhões de investimento através da criação de um fundo de investimento da União Europeia. Este fundo, alimentado pelos Estados-membros, daria condições de crédito a empresas e poderia ser também financiado através de obrigações, segundo o documento do ALDE – os lucros do investimento neste fundo seriam isentos de impostos, quer para investidores individuais, quer para empresas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Já os socialistas europeus apresentaram esta quinta-feira um plano similar, apontando que até 2020 conseguiriam um retorno de 800 mil milhões com um fundo similar. “Este fundo deverá ser capitalizado com a contribuição dos Estados-membros, a excluir do défice e da dívida, permitindo atingir um volume de investimento público e privado de 800 mil milhões de euros até 2020”, disse a eurodeputada do PS, Maria João Rodrigues, que é vice-presidente do grupo dos socialistas no Parlamento Europeu. A eurodeputada disse ainda que Portugal será “particularmente beneficiado”, já que a ideia é dar “maior atenção aos países mais atingidos pela crise”.

Os socialistas consideram que o plano de Juncker é “insuficiente para reorientar a Europa para o crescimento e emprego” já que assenta em “previsões irrealistas”.

Plano tem como objetivo contribuir para relançar a economia europeia. A União Europeia e, em especial, a zona euro têm tido dificuldades na retoma económica e em torná-la sustentável.

Além das áreas que serão estratégicas neste plano, ainda há pouca informação sobre como será feito o financiamento deste pacote de investimento e que parte será dinheiro ‘novo’ e de onde virá, quando os Estados-membros se confrontam com dificuldades nas finanças públicas. Por isso, os críticos afirmam que este plano corre o risco de se transformar num “exercício de engenharia financeira”. Jean-Claude Juncker disse, em julho, que parte do pacote de investimento viria de fundos estruturais e do Banco Europeu de Investimento e de outros instrumentos já existentes ou a serem desenvolvidos. O vice-presidente Jyrki Katainen, responsável pelo Emprego, Crescimento, Investimento e Competitividade e que está a trabalhar de perto com Juncker neste plano, também afirmou entretanto que poderia haver um novo aumento de capital do BEI.

Este plano tem como objetivo contribuir para relançar a economia europeia. A União Europeia e, em especial, a zona euro têm tido dificuldades na retoma económica e em torná-la sustentável. Nas recentes previsões de outono, a Comissão Europeia reviu em baixa as anteriores estimativas, perspetivando que este ano a zona euro cresça apenas 0,8% e 1,3% no conjunto da UE, crescimento que se manterá “lento” em 2015. No próximo ano, estima, a economia crescerá 1,1% na zona euro e 1,5% na UE.

Na Alemanha, o chamado ‘motor económico’ da zona euro, o produto interno bruto (PIB) deverá crescer 1,3% em 2014 e 1,1% em 2015.

Apesar da situação contrastante entre os países, o que se passa nas três maiores economias do euro é pouco otimista. Na Alemanha, o chamado ‘motor económico’ da zona euro, o Produto Interno Bruto (PIB) deverá crescer 1,3% este ano (contra 1,8% previstos na primavera) e 1,1% em 2015, enquanto França deverá ficar-se por uns ligeiros 0,3% este ano e 0,7% no próximo.

Quanto a Itália, deverá continuar em recessão em 2014 pelo terceiro ano consecutivo (-0,4%), devendo conseguir alguma retoma ligeira apenas em 2015, com um crescimento do PIB de 0,6%. Quanto aos dados para Portugal, Bruxelas previu um crescimento económico de apenas 1,3% em 2015, abaixo dos 1,5% previstos pelo Governo na proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano.

Taxa de pessoas sem emprego entre a população ativa também permanecerá em valores muito elevados no futuro próximo: na zona euro, “fechará” 2014 nos 11,6%.

Outro sinal preocupante para a economia europeia é a inflação, que na zona euro não deverá ir além dos 0,5% este ano e 0,8% em 2015, longe do objetivo do Banco Central Europeu de manter a inflação baixa mas próxima de 2%.

Quanto ao desemprego, a taxa de pessoas sem emprego entre a população ativa também permanecerá em valores muito elevados no futuro próximo: na zona euro, “fechará” 2014 nos 11,6% e recuará apenas três décimas no próximo ano (11,3%).

Nas vésperas de Juncker apresentar o seu pacote, o grupo dos socialistas europeus propôs hoje um plano de investimento envolvendo 800 mil milhões de euros até 2020, defendendo que 100 mil milhões seja dinheiro ‘novo’ de contribuições dos Estados-membros que não conte para défice ou dívida pública.