Chama-se Sant’iago, tem um mês, nasceu no Alentejo e é a primeira cerveja biológica da Península Ibérica. Água, malte, lúpulo e levedura em meio litro de néctar engarrafado em Évora. Tal como Templus, irmão mais velho em forma de gin, Sant’iago é produzido artesanalmente, “com métodos ancestrais” e produtos biológicos. Foram precisos 25 mil euros para avançar com o projeto.
A cerveja não é o produto estreia da Oficina de Espíritos, a única destilaria/cervejaria do mundo biológica, que, num mês vendeu as quatro mil garrafas e cerca de dois mil litros da bebida que produziu no Alentejo e que seguiram para supermercados biológicos. João Monteiro, relações públicas da empresa – que começou por se chamar 3Bicos – explica que a decisão de produzir a cerveja foi natural.
“Quem tem uma destilaria, também tem uma cervejaria. O processo é o mesmo, com a diferença de que a cerveja fermenta e os destilados vão para o alambique”, revela. O álcool é produzido na cervejaria, extraído da cevada e do trigo, biológicos, mas os cereais são importados da Bélgica. “Tudo o resto é português”, diz.
A Sant’iago é a novidade da empresa para 2014 e os proprietários já têm planos de internacionalização. Para a semana, está agendada uma visita a Espanha e Angola e Moçambique são outros mercados que estão na mira dos empreendedores. Quando sai da cervejaria, cada garrafa custa dois euros, mas o preço de venda ao público depende da loja. “Sabemos que é possível encontrar uma garrafa de Sant’iago a 2,60 euros num sítio e a seis euros noutro”, explica João Monteiro. Na Taberna Moderna, em Lisboa, também é possível beber o néctar de cevada alentejano.
“Só existem três destilarias/cervejarias no mundo, uma no Reino Unido, outra nos Estados Unidos da América e outra em Portugal. A nossa é a única que é certificada biologicamente. Pelo menos, que nós tenhamos conhecimento”, adianta o relações públicas. A que sabe a Sant’iago? A cerveja, explica João Monteiro.
“Não querendo fazer frente a nenhuma cerveja artesanal, porque não as conheço a todas, penso que as pessoas que começaram a fazer cerveja artesanal quiseram começar a inventar. E nós tentámos fazer uma cerveja que soubesse a cerveja. É uma cerveja feita de cevada, como algumas cervejas industriais, só que é feita com métodos ancestrais”
Na primeira ronda de produção, João Monteiro e os sócios optaram por produzir quatro mil garrafas, mas é possível que tenham de aumentar a capacidade de produção em breve, que, neste momento, é de mil a 1500 garrafas por semana. “No próximo mês, podemos ter de quadruplicar a produção, mas temos de ter os pés bem assentes na terra. Uma coisa é um produto novo, que a pessoa compra por ser novo e depois não volta a comprar. Mas esse não é o feedback que temos tido. O feedback tem sido precisamente o contrário. As pessoas vão, compram uma garrafa e depois voltam para comprar cinco ou seis. Vamos esperar mais um mês para ver se o entusiasmo não é apenas por ser novidade”, revela.
Um vodka portuguesa e também biológica poderá ser a novidade da Oficina de Espíritos para o próximo ano e, entretanto, os empreendedores já estão a ensaiar um whisky alentejano. “Mas o whisky é uma coisa que leva o seu tempo a estagiar. Por isso, é provável que saia para o mercado lá para 2017”, revelou João Monteiro.