O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, disse esta quinta-feira no Funchal que o empenho da escola pública no setor da Educação em Portugal está a ser “criminosamente desperdiçado”.
Arménio Carlos participou hoje, no Funchal, no “11.º Congresso Regional do Sindicato dos Professores da Madeira”, que decorre sob o lema “Educação: Um Direito Humano” e que reúne cerca de duas centenas de docentes.
O dirigente da CGTP considerou “preocupante” a “desvalorização” do Governo da República à escola pública.
“É preocupante a diminuição no empenho que foi dado durante muitos anos à escola pública e que, neste momento, está a ser criminosamente desperdiçado”, declarou.
Carlos Arménio considerou que a “política que o Governo Central está a fazer é um ataque à escola pública, mas também à dignidade da classe dos professores”.
Para o responsável da CGTP, “não há desenvolvimento do país se não for valorizada a participação e intervenção dos professores”.
“Eles são determinantes não só para assegurar uma melhoria da qualidade do ensino às nossas crianças e aos nossos jovens, mas também são centrais no que respeita a uma visão estratégica de desenvolvimento económico e social do país”, defendeu, acrescentando que devem “continuar a lutar pela defesa da sua profissão e da escola pública”.
O dirigente sindical lembrou que “uma população menos informada é uma população menos participativa, logo, mais suscetível de assegurar que as políticas que estão neste momento a ser desenvolvidas, de baixos salários e de trabalho desqualificado e precário, possam ser mais duradouras”.
“A democracia representativa é importante, mas a democracia participativa é insubstituível”, concluiu.
O secretário-geral da FENPROF, Mário Nogueira, vaticinou, por seu lado, que o futuro da Educação em Portugal “é extremamente negativo” em consequência dos cortes já efetuados pelo Governo da República e que já totalizam nos últimos três anos mais de 1,3 mil milhões de euros.
Mário Nogueira alertou, a propósito, que o Orçamento do Estado para 2015 “prevê um novo corte para os ensinos Básico e Secundário de 704 milhões de euros e para o Ensino Superior de mais 26,3 milhões de euros”.
“Estamos a falar de um setor que, nesta legislatura e com este Governo, perde mais de 2 mil milhões de euros e estamos a falar de um país que, na Educação, tem défices profundos a ultrapassar e não é com desinvestimento que os vamos conseguir ultrapassar”, disse.
Mário Nogueira salientou que, em 2011, existiam 174 mil professores e, três anos depois, há cerca de 140 mil professores, tendo sido registado um decréscimo de 34 mil docentes.
“Entretanto, entraram 2.500 professores, ou seja, o Governo conseguiu abater cerca de 19,5 por cento de professores para um tempo em que o número de alunos reduziu apenas seis por cento”.
Mário Nogueira recordou ainda que o Governo PSD/CDS “mexeu nos currículos, tornou a Educação Visual e Tecnológica opcional, retirou a Educação Cívica, o ler, escrever e contar, e apenas para as crianças e jovens. É aquilo a que este Governo está a reduzir a Escola. É muito pouco se a Escola for apenas isso”.
O dirigente sindical considerou ainda “uma pouca-vergonha” a forma como o ano letivo 2014/15 começou com “todos os problemas na colocação de professores”, considerando: “só mesmo um ministro com um estômago enorme consegue continuar sem se demitir perante aquilo que fez”.
O secretário regional da Educação e Recursos Humanos, Jaime Freitas, elogiou a “postura de diálogo construtivo dos parceiros sociais e, em particular, o Sindicato dos Professores da Madeira”.
A presidente do SPM, Sofia Canha, lembrou que o Governo Regional “não pode lançar a bola para o âmbito nacional porque, aqui, também tem responsabilidades, uma dupla austeridade que foi culpa sua”.