Marcelo Rebelo de Sousa comentou este domingo a detenção do antigo primeiro-ministro José Sócrates, dizendo ser difícil fazer considerações sobre o lado jurídico e concentrando-se nas implicações políticas. “Se António Costa resistir a isso e ganhar as eleições com o processo Sócrates às costas é um génio. Merece tudo”, disse no seu espaço de comentário dominical na TVI.

Para Marcelo, o caso seria complicado para qualquer líder do PS, mas, se tiver seguimento, será particularmente difícil para António Costa. “Em cima de qualquer liderança do PS é uma dor de cabeça. No caso de Costa é maior a dor de cabeça. Seguro sempre podia dizer que se descolou dele [de Sócrates]. António Costa está colado desde a formação do primeiro Governo”, disse o comentador, que lembrou que Sócrates foi eleito com dois milhões e 600 mil votos, tornando-se assim um “primeiro-ministro dos três que mais apoio popular teve nos 40 anos da democracia”. A detenção de Sócrates na noite de sexta-feira deixou, segundo o comentador, os portugueses “com a boca em ó”.

Ainda assim, Marcelo Rebelo de Sousa considerou “primorosa” a reação de António Costa, que aconselhou os militantes do PS a não confundirem a solidariedade e amizade pessoais com a ação política do PS, contrapondo-a à reação dos socialistas na altura em que Paulo Pedroso foi implicado no caso Casa Pia, e lembrando o momento em que o antigo deputado do PS foi “levado em braços” no Parlamento. “Isso deu anos de vida a Durão Barroso”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

Apesar disso, o comentador e antigo líder do PSD pensa que não será possível dizer que, politicamente, “o PS não tem nada a ver com isso [caso Sócrates]”. Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda que esta situação pode marcar o próximo ano eleitoral, com os políticos a discutir “o processo José Sócrates e não projetos para o futuro”. 

Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda que o facto de a detenção ter acontecido no mesmo fim de semana em que o PS confirmou a eleição de António Costa como secretário-geral do partido foi “pura coincidência”. “Bastava que Sócrates tivesse chegado mais cedo ou não tivesse chegado” para não ser detido naquele momento, até porque, segundo o comentador, o antigo primeiro-ministro sabia “o que lhe ia acontecer”, tendo escolhido “o momento dentro dos momentos possíveis”.

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