O antigo primeiro-ministro, José Sócrates, e o empresário Carlos Santos Silva, amigo de infância do socialista, financiaram a campanha eleitoral de António Costa às eleições primárias do Partido Socialista. De acordo com a revista Visão, que cita o diretor financeiro da campanha do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Sócrates e Santos Silva contribuíram com 2 mil e 10 mil euros, respetivamente, através de transferências bancárias.
Agostinho Abade diz que o donativo de Carlos Santos Silva foi feito “por indicação de José Sócrates”, alegando que o ex-administrador do Grupo Lena seria desconhecido da estrutura da campanha de António Costa.
Sócrates e Santos Silva estão presos preventivamente por suspeitas de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais e, neste momento, de acordo com a mesma publicação, o Ministério Público está a tentar apurar a origem destas e de outras movimentações financeiras.
Contactado pelo Observador, o presidente da Comissão de Fiscalização Económica e Financeira do PS, Domingues Azevedo, revelou que ainda não tinha recebido os relatórios de contas das duas candidaturas às eleições primárias, mas garantiu que não foi “contactado por ninguém”, negando, assim, que o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) esteja a ver as contas das candidaturas.
As eleições primárias no PS terão custado 1,5 milhões de euros aos cofres do partido, como adiantou fonte próxima de António José Seguro ao Observador.
Durante as primárias, o diretor financeiro de Costa disse que a campanha estava a ser feita “à base de voluntarismo e militância de várias pessoas”, admitindo que os carros em que Costa se deslocava eram emprestados pelos apoiantes, o site feito por voluntários – e que os cenários, iluminação e som das ações de campanhas seriam pagos pelos PS.
Os esclarecimentos sobre os dinheiros da campanha das primárias chegaram como resposta a um artigo de opinião de João Miguel Tavares, que no dia 17 de julho, no Público, pediu transparência nas contas do PS. O próprio António Costa chegou a responder ao colunista: “Há perceções — como esta que hoje transmite no artigo em causa — que não colam à realidade”.