Uma exposição com 70 obras de desenho, pintura e livros de artista de Almada Negreiros (1893-1070), na maioria inéditas, vai ser inaugurada na quinta-feira, no Museu da Eletricidade, em Lisboa, anunciou nesta terça-feira a Fundação EDP. “Almada Negreiros: O que Nunca Ninguém Soube que Houve” é o título desta exposição que será inaugurada na quinta-feira, às 18:30, na Sala do Cinzeiro, e abre ao público na sexta-feira, permanecendo até 29 de março de 2015.
De acordo com a Fundação EDP, o nome da exposição remete para o título de um livro do artista, aqui mostrado pela primeira vez, criado entre 1921 e 1922 por Almada Negreiros: “O Pierrot que Nunca Ninguém Soube que Houve. História Trágica Ilustrada com Sol e Palmeiras”. Este livro é uma das obras – na sua maioria inéditas e nunca apresentadas em exposição – provenientes do espólio da família, de coleções privadas e de instituições públicas.
Com curadoria de Sara Afonso Ferreira, a mostra encerra em março de 2015, ano que se assinala o centenário da revista “Orpheu”, na qual Almada teve uma participação importante. Livros de artista, ensaios caligráficos e de paginação, tipografia, manuscritos, desenhos de ilustração e pinturas, integram esta mostra, que dá uma atenção especial à revelação de um vasto conjunto de inéditos, artísticos e bibliográficos.
“Companheiro e cúmplice de Fernando Pessoa e Amadeo de Souza Cardoso, no desencadear da Modernidade artística e literária, na década de 1910, figura polémica, mítica e (auto-)mitificada, mostram-se aqui as experiências artísticas e especulativas de Almada em torno do desenho, da poesia e do número”, aponta Sara Afonso Ferreira num texto sobre a exposição.
A historiadora Sara Afonso Ferreira, especializada em Almada Negreiros, nomeadamente nas relações texto-imagem na obra deste artista, dividiu a exposição em cinco momentos-chave que seguem uma ordem cronológica. Figura destacada da vanguarda da arte portuguesa do século XX, Almada Negreiros explorou vários níveis de expressão artística, das artes plásticas, à poesia e ao ensaio, ao romance e à dramaturgia, aos quais também juntou textos de intervenção e de humor, além do bailado e da crítica de arte.
Realizou, em 1913, os seus primeiros óleos, para a Alfaiataria Cunha, e organizou, nesse ano, a sua primeira exposição individual, na Escola Internacional de Lisboa. A participação, em 1969, no programa “Zip-Zip” da RTP deu-lhe uma grande popularidade. Morreu em 1970, no hospital St. Louis, no Bairro Alto, no mesmo quarto onde morrera Fernando Pessoa (1888-1935).