A bolsa de Atenas está a derrapar 13% esta terça-feira, a uma hora do fecho da negociação, depois de o primeiro-ministro Antonis Samaras antecipar a data da votação no Parlamento para a escolha do próximo Presidente do país. Nem no pico da crise da dívida a bolsa grega teve uma desvalorização diária desta dimensão, uma queda que está a ser acompanhada de um forte agravamento dos juros da dívida para quase 8%. Os mercados temem que o governo de Samaras possa cair se não houver consenso sobre o Presidente.
“Quando o atual parlamento eleger um novo presidente, no final do mês, as nuvens que pairam sobre o país vão desaparecer e o país estará pronto para entrar oficialmente na era pós-resgate”, afiançou Antonis Samaras na declaração pública esta terça-feira. A Constituição grega prevê a necessidade de uma super-maioria de 180 deputados, entre o total de 300, para eleger um sucessor para Karolos Papoulias, o atual presidente da Grécia. A coligação liderada por Samaras controla apenas 155 deputados, o que obriga a que outros deputados, nomeadamente os independentes, apoiem a nomeação de Stavros Dimas, o candidato escolhido esta terça-feira pelo Governo.
Está longe de ser uma certeza de que isso seja possível. Se não houver um consenso mínimo de 200 deputados para eleger o presidente na votação a 17 de dezembro, haverá uma segunda volta a 22 de dezembro onde também serão necessários 200 votos. Se não for possível, haverá uma terceira e última ronda a 29 de dezembro, onde serão necessários 180 votos favoráveis. Se isso não acontecer, o governo cairá.
Na dúvida, os investidores estão a vender as ações e a dívida pública da Grécia. A descida de 13% do índice bolsista ASE é a maior quebra desde 1987, segundo a Bloomberg. A bolsa tem recuperado ao longo dos últimos dois anos, pelo que o receio de um regresso da incerteza a Atenas está a levar muitos investidores a sair do mercado grego.
Stavros Dimas, de 73 anos, é um antigo Comissário Europeu ligado ao partido Nova Democracia de Antonis Samaras. “É alguém habitualmente visto como uma pessoa que une e, também, inspira“, afirmou o primeiro-ministro numa declaração pública esta terça-feira. As eleições estavam previstas para daqui a dois meses, mas Samaras decidiu antecipar a votação depois de o Eurogrupo ter decidido prolongar por mais dois meses o programa de resgate da Grécia.
É de união que o governo de Antonis Samaras necessita, pelo menos a união suficiente para a escolha de Dimas para o cargo. Caso contrário, há uma elevada probabilidade de que o executivo leve a rejeição como uma moção de confiança fracassada e, por essa razão, antecipe as eleições legislativas. O que está a criar muito nervosismo nos mercados financeiros, já que Alexis Tsipras e o partido eurocético Syriza lidera as sondagens.