Antes do escândalo Lux Leaks ser divulgado, um diretor do departamento fiscal da Amazon já tinha denunciado que Jean-Claude Juncker, antigo primeiro-ministro e atual presidente da Comissão Europeia, teria procurado a empresa, dizendo que o Luxemburgo “ajudaria a resolver problemas”. Esta semana foram divulgados novos documentos que envolvem mais empresas nos esquemas de evasão fiscal facilitados pelo Estado luxemburguês incluindo a Amazon, Skype e Koch e a pressão sob Juncker para que preste esclarecimentos adicionais aumentou.

No verão de 2014, antes de serem divulgados milhares de documentos através do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação – numa investigação coordenada entre alguns dos maiores jornais do mundo como o The Guardian, o Le Monde e o Zeitung – que mostram que o Luxemburgo ajudou a isentar mais de 300 multinacionais prejudicando países terceiros, um antigo diretor do departamento fiscal da Amazon disse que Jean-Claude Juncker é que procurou esta empresa online para utilizar as vantagens fiscais do país.

“O governo de Luxemburgo apresentou-se como um parceiro de negócios e eu acho que é uma descrição bastante precisa: ajudava a resolver problemas”, disse em agosto deste ano Bob Comfort, diretor do departamento fiscal da Amazon nos anos 2000 em entrevista ao jornal luxemburguês Lëtzebuerger Land. Nessa entrevista, descreve os encontros com o Ministério das Finanças do Luxemburgo e com o próprio Jean-Claude Juncker então primeiro-ministro – exerceu este cargo durante 18 anos.

“A mensagem dele [Jean-Claude Juncker] era simples: ‘Se houver algum problema que não consigam resolver, por favor falem comigo e eu vou tentar ajudar”, disse Comfort ao jornal luxemburguês.

O The Guardian, que recupera esta entrevista no dia a seguir a revelar novos documentos deste escândalo, diz que Comfort se reformou neste verão e se tornou cônsul honorário do Luxemburgo na região de Seattle, mostrando grande proximidade com o Grão-Ducado.

O presidente da Comissão desmentiu ser o arquiteto destes esquemas que pouparam às maiores empresas mundiais milhares de milhões de euros em impostos em países terceiros porque “esse modelo não existe”. Estas alegações ligadas ao escândalo podem voltar a complicar a vida de Juncker que no mês passado venceu uma moção de censura contra a sua Comissão e disse que caso os eurodeputados o quisessem destituir, ele sairia voluntariamente sem pôr em causa todo o colégio da Comissão.

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