As réplicas do ataque do grupo de hackers Guardians of Peace ao sistema informático da Sony Pictures prometem intensificar-se nos próximos dias: uma versão inicial do guião de Spectre, o novo filme de James Bond, a estrear a 6 novembro de 2015, poderá ser, em breve, tornada pública depois de ter sido roubada pelos piratas informáticos.

Quem o admitiu foi a própria produtora do filme protagonizado por Daniel Craig. Num comunicado emitido este sábado, a Eon Productions afirmou “estar preocupada que as pessoas que receberam o guião roubado o possam publicar ou publicar outros conteúdos” do filme. A franquia do agente secreto mais famoso do mundo, agora na mira dos piratas informáticos, é uma das mais lucrativas da Sony Pictures: o último título, “Skyfall”, rendeu mais de mil milhões de euros em todo o mundo.

A Sony está a tentar a todo custo conter os danos causados pelo ataque informático. Este domingo, o estúdio enviou um pedido – em jeito de ameaça – às companhias de media para colaborarem e não publicarem os dados roubados.

Na carta enviada a vários órgãos de comunicação social, como o New York Times e a Bloomberg News, escrita pelo advogado e representante do estúdio norte-americano, David Boies, pode ler-se que, caso os jornais não “cooperassem” e não respeitassem esse pedido, destruindo imediatamente o material roubado, a Sony não teria alternativa a não ser “responsabilizar [o órgão] por qualquer dano ou perda”. Por outras palavras, processos de indemnização que podem ascender aos milhões de dólares.

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Ainda não se sabe o que motivou este ataque sem precedentes e de proporções ainda por calcular – terão sido roubados centenas de terabytes com dados, onde se incluem as informações sobre os salários de vários atores e atrizes, registos de saúde, futuros projetos e e-mails trocados entre altos executivos do estúdio. As recentes polémicas que envolveram Angelina Jolie (“a pirralha mimada“) e Barack Obama e os comentários racistas poderão ser apenas a ponta do icebergue.

Inicialmente acreditava-se que o ataque tinha sido uma represália de agentes ao serviço da Coreia do Norte pelo filme “The Interview”. O título da Sony, que vai estrear a 25 de dezembro nos Estados Unidos – depois da estreia, em outburo, ter sido sucessivamente adiada – conta a história de Dave Skylark (James Franco) e Aaron Rapaport (Seth Rogen), dois jornalistas recrutados pela CIA para assassinar Kim.

O guião enfureceu Pyongyang, que advertiu para uma “retaliação impiedosa” contra o que classificou de “ato irresponsável de terror”. No entanto, esta hipótese foi desmentida por fontes da diplomacia da Coreia do Norte e por agentes do FBI.

Numa carta a 9 de novembro, os Guardians of Peace avisaram: “Queremos uma compensação monetária. Paguem ou a Sony Pictures vai ao fundo”.