Com realização de José Miguel Ribeiro e argumento de Virgílio Almeida, “Papel de natal” combina imagens reais com cinema de animação, em volume, e tem como pano de fundo a devastação de uma floresta de papel, no mundo da fantasia, à medida que os humanos se desleixam na reciclagem, no mundo real.

Com uma mensagem ecológica implícita – sobre a sustentabilidade do planeta -, o filme é protagonizdo por Dodu, um rapaz de cartão que foi construído, a partir de desperdícios de papel, por Camila, uma menina que anda à procura do pai. A missão de Dodu é encontrá-lo e resgatá-lo do Monstro Desperdício.

José Miguel Ribeiro explicou à agência Lusa que a junção de imagem real com cinema de animação, de atores de carne e osso e pequenas marionetas e cenários feitos de papel e cartão, simboliza também a relação entre o mundo da fantasia, mas próximo das crianças, e o mundo real, da vivência de todos os dias.

Esta foi a primeira experiência de José Miguel Ribeiro na combinação de cinema real e animação, num projeto que se prolongou desde 2011. A rodagem com os atores demorou duas semanas e a parte de animação um ano e meio.

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A técnica utilizada volta a ser “stop-motion”, que José Miguel Ribeiro utilizou, por exemplo, na premiada curta-metragem “A suspeita”: por cada segundo de filmagem são precisas 12 fotografias de cada cena, para que, no final, se dê a ilusão de movimento.

O elenco de atores integra Mariana Achega (Camila), Ivo Canelas (o pai natal Sana), Vitor d’ Andrade (Filipe, pai da Camila) e Crista Alfaiate (Júlia, mãe da Camila).

José Miguel Ribeiro mostrou-se sobretudo satisfeito por fazer uma estreia comercial de um filme de animação português para crianças, quando grande parte do cinema nesta área subsiste apenas em festivais ou programações do circuito alternativo.

“Não sinto que estejamos numa segunda divisão. Estamos a falar no mesmo nível de qualidade, com objetivos um bocadinho diferentes. É claramente um filme menos comercial, mas acho que tem um lado de aventura que é contado com um bom ritmo. A mensagem ecológica que queremos passar neste filme é colocada sem a tornar refém disso”, afirmou.

“Papel de natal”, que se estreia em Lisboa, Porto, Leiria, Setúbal, Amadora, Sintra, Almada e Montemor-o-Novo, será exibido em sala acompanhado por duas curtas-metragens de animação: “Dodu -Balão Lua”, de José Miguel Ribeiro, e “O Gigante”, de Júlio Vanzeler e Luís da Matta Almeida.

 

cartaz

José Miguel Ribeiro, 48 anos, é autor do filme “A suspeita” (2000), da série “As coisas lá de casa”, das produções “O banquete da rainha”, “O passeio de domingo” e “Viagem a Cabo Verde”.

Foi um dos fundadores da produtora Sardinha em Lata, da qual se desvinculou para fundar, em 2012, uma nova produtora de cinema, a Praça Filmes, em Montemor-o-Novo.

Dodu, o protagonista de “Papel de natal” surgiu pela primeira vez no livro para a infância “O rapaz que aprendeu a voar”, de Alexandre Honrado, ilustrado por José Miguel Ribeiro, editado em 2007.