Luís Horta e Costa, administrador da Escom, admite que a empresa do Grupo Espírito Santo escondeu nas Bahamas o dinheiro dos prémios recebidos pela venda de dois submarinos ao Estado português. “Achámos que seria complicado que se viesse a saber que houve uma distribuição de bónus à família Espírito Santo”, diz em declarações ao Expresso deste sábado.

A opção teve um custo de 2,1 milhões de euros, necessário para constituir um fundo secreto naquele paraíso fiscal, que depois gerisse os 27 milhões pagos à Escom pelos alemães do German Submarine Consortium em serviços de consultoria naquele processo – 21 dos quais foram prémios distribuídos entre os membros do conselho superior do GES, três administradores e um consultor. Mas tinha uma vantagem, aos olhos do administrador:

“Quisemos dificultar o acesso a essa informação e esperar por uma oportunidade para regularizarmos os impostos com melhores condições fiscais”.

Como relata o semanário, o rasto do dinheiro da Escom foi central na investigação judicial que esta semana foi encerrada, sem acusações, sobre alegada corrupção no negócios dos submarinos.

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O que Luís Horta e Costa agora revela, depois de encerrado o processo judicial, é que, houve mais custos no processo, para permitir que os prémios dos gestores da empresa e da família fossem recebidos antecipadamente, pouco depois de o contrato dos submarinos com o Estado português ter entrado em vigor. Foram 940 mil euros, preço de dois empréstimos contraídos pela Escom junto do BES Cayman.

O prémio desconhecido foi para… o irmão do administrador

Luís Horta e Costa assume também que o prémio que Ricardo Salgado dizia ter de ser entregue “a mais alguém”, nas polémicas escutas reveladas das reuniões do conselho superior do GES (mas que nunca identificava), foram para o seu irmão, Miguel Horta e Costa, na época dos factos consultor da Escom.

“O dr. Ricardo Salgado sabia perfeitamente que o dinheiro era para o meu irmão. A questão é que ele achava que não lhe devíamos dar dinheiro nenhum, apesar de ter sido o Miguel Horta e Costa a trazer o negócio para a Escom.”