Os materiais necessários para construir uma bomba, como a fazer passar despercebida aos olhos da segurança e as formas de “publicitar” as ações. É assim, passo a passo, que um líder da Al-Qaeda decidiu ensinar os jihadistas — ou “lobos solitários”, como lhes chama — que, sozinhos, queiram efetuar ataques contra o Ocidente. Mais concretamente, contra a British Airways e a Easyjet, duas companhias aéreas britânicas.

Nasr Al-Ânisi, o tal membro da organização, publicou os conselhos na Inspire, uma revista publicada na Península Arábica desde 2010 e utilizada pela Al-Qaeda para influenciar jovens radicais islâmicos, escreveu o diário The Independent. E além de querer instruir eventuais “lobos solitários”, o homem indicou as duas transportadoras aéreas como possíveis alvos.

Por um lado, como terá justificado na revista, a British Airways “é a companhia aérea nacional do Reino Unido” e “a maior que está sediada” no território em “tamanho de frota, [número de] voos internacionais e destinos”. Depois, referindo-se à Easyjet, o membro da Al-Qaeda referiu que, “por ser uma transportadora low-cost, possui um largo número de passageiros”.

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Al-Ânisi, depois, defendeu que os “lobos solitários” são “o pior pesadelo do Ocidente”, por “incutirem o medo” no mundo inteiro. “Alá, o todo poderoso, facilitou-lhes capacidades que estão ausentes em outros muçulmanos: a de chegar ao coração do território inimigo”, argumentou ainda.

Ambas as companhias aéreas, refira-se, têm de momento operacionais várias rotas com destino a Portugal: tanto a British Airways como a Easyjet voam para Lisboa, Porto, Faro e Funchal (a low-cost, aliás, voa ainda para Ponta Delgada).

Na mesma edição da revista Inspire, publicada a 24 de dezembro, existe uma coluna na qual outro alegado membro da Al-Qaeda expressa as suas opiniões sobre os “lobos solitários” — e o seu papel no Ocidente. “Eles vão criar um estado de terror, ansiedade e de queixa pública contra os governos e autoridades que provocaram os solitários jihadistas”, chega a dizer.

A publicação refere ainda a Air France, companhia aérea gaulesa, e outras quatro norte-americanas — a American Airlines, a Continental Airlines, a Delta e a United — como outros alvos de possíveis ataques. A revista, de acordo com o Daily Mail, dirigiu também elogios a Umar Farouk Abdulmutallad, que em 2012 foi condenado a uma pena de prisão perpétua depois de, a 25 de dezembro de 2009, ter entrado num voo da Northwest Airlines, que faria a ligação entre Amesterdão, na Holanda, e Detroit, nos EUA, com um engenho explosivo nas cuecas — que não conseguiu detonar.