Os reguladores do mercado de Portugal e de Espanha levantaram nesta quinta-feira a suspensão das negociações dos títulos do banco espanhol Santander nas bolsas de Lisboa e Madrid, respetivamente, depois de terem interrompido a sua transação.
A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) informou hoje, numa nota divulgada no seu ‘site’, que o seu Conselho Diretivo “deliberou o levantamento da suspensão da negociação das ações do Banco Santander”, que são cotadas em Lisboa no mercado contínuo.
A CMVM informou que tomou esta decisão “por ter sido informada que a Comisión Nacional del Mercado de Valores [CNVM, regulador espanhol] comunicou o levantamento da suspensão dos mesmos valores mobiliários”. O regulador espanhol tinha já informado que as ações do Santander voltariam a ser negociadas a partir das 8:30 de sexta-feira.
O Conselho de Administração do Santander, que detém em Portugal o Santander Totta, aprovou hoje um aumento de capital de até 7.500 milhões de euros, através da emissão de 1.258.441.465 ações ordinárias com o valor nominal unitário de 0,50 euros, segundo informou hoje o banco à CMVM.
A operação vai passar pela emissão de até 1.258.441.465 ações com o valor nominal unitário de 0,50 euros, as quais serão ações da “mesma classe e série que as que atualmente [estão] em circulação”, ficando excluídos direitos preferenciais de subscrição.
O Santander refere que, depois da operação de aumento de capital, vai “reformular a sua política de dividendos, voltando a pagar efetivamente a maior parte do mesmo”, recordando que, durante os anos da crise, o programa ‘Santander Dividendo Elección’ permitiu que o banco se conseguisse recapitalizar, podendo os acionistas optar por receber os dividendos ou convertê-los em ações.
“A intenção do Conselho de Administração é que a retribuição em relação aos resultados de 2015 seja de 0,20 euros por ação”, lê-se na nota do Santander, acrescentando-se que “nos próximos exercícios a evolução do dividendo será de acordo com o crescimento dos resultados, com o objetivo de que a remuneração efetiva represente entre 30% e 40% do resultado recorrente, em vez dos atuais 20%”.
Este aumento de capital, uma operação que exclui direitos preferenciais de subscrição, representa cerca de 9,9% do capital do banco e a operação será realizada através de uma ‘colocação privada acelerada’ (Accelerated Bookbuilt Offering].
O banco espanhol formalizou a 23 de dezembro a manifestação de interesse na aquisição do Novo Banco, o banco de transição que herdou os ativos e passivos considerados não tóxicos do Banco Espírito Santo (BES), que foi alvo de uma resolução pelo Banco de Portugal.
No comunicado emitido a 23 de dezembro, o Santander Totta, liderado por António Vieira Monteiro, referia que “tendo em conta os termos de referência relativos à alienação do Novo Banco, S.A., o Santander deliberou apresentar-se à primeira fase do respetivo procedimento, o que corresponde à entrega da manifestação de interesse”.