Portugal atingiu um valor recorde de produção de eletricidade através de fontes renováveis em 2014, o que permitiu evitar a emissão de 13 milhões de toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera, revelaram hoje duas associações.

A Quercus e a Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) analisaram dados da REN – Redes Energéticas Nacionais sobre a produção de eletricidade em 2014 e concluíram que “foi o ano mais renovável” e que, sem esta forma de conseguir energia elétrica, “as emissões atingiriam 26 milhões de toneladas de CO2” (dióxido de carbono), ou seja, “o dobro do atual, [ou] cerca de 40% do total de emissões de gases de efeito de estufa” de Portugal.

“Sem eletricidade renovável em Portugal e, partindo do princípio que seria possível assegurar o consumo recorrendo somente à utilização de toda a capacidade instalada das centrais a carvão e nas centrais de ciclo combinado a gás natural”, as emissões atingiriam 26 milhões de toneladas de CO2, explicam as organizações, em comunicado.

O contributo das renováveis permitiu poupanças de 1.565 milhões de euros: 1.500 milhões na importação de gás natural e carvão e 65 milhões em licenças de emissão de CO2.

Por isso, a Quercus e a APREN apelam à continuação do investimento em energias amigas do ambiente e “mostram como o investimento em fontes de energia renovável é vital para a independência económica e energética do país, para além do respeito pelos compromissos climáticos internacionais”.

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Em 2014, a eletricidade obtida a partir de fontes renováveis foi responsável por 62,7% do total energia elétrica consumida, um aumento de 6% em relação ao ano anterior.

Em cada hora de consumo de eletricidade, 38 minutos tiveram origem em centrais renováveis, dos quais 14 minutos foram produzidos pela energia eólica.

Este comportamento levou à redução do valor de eletricidade importada para 1,8% do consumo, o mais baixo desde 2002, segundo as associações.

O ano passado foi mais húmido do que a média (em 27%) e favorável em termos de vento, enquanto no aproveitamento solar se verificou uma subida de 31% da capacidade instalada para a obtenção de energia fotovoltaica.

“Não podemos deixar de continuar a apostar nas energias renováveis e na eficiência energética, permitindo a recuperação da economia sem onerar o ambiente. Para tal, é preciso um investimento na sensibilização e um planeamento adequado do setor energético também em prol de uma desejável política climática exigente”, defende o coordenador do grupo de energia e alterações climáticas da Quercus, Francisco Ferreira, citado no comunicado.

O presidente da APREN, António Sá da Costa, salienta que “2014 foi um ano em que Portugal beneficiou em ter apostado nos seus recursos renováveis para produzir eletricidade pois, além de se terem evitado importações de combustíveis fósseis e emissões de gases com efeito de estufa, o facto de quase dois terços da eletricidade consumida ser de origem renovável possibilitou estabilizar o preço deste bem”.