O Governo dos Açores apresenta na próxima semana uma “plano de revitalização económica da ilha Terceira”, que prepara há dois anos, quando os EUA anunciaram a intenção de reduzir a presença na base das Lajes, disse fonte do executivo.

A mesma fonte disse à agência Lusa que o plano “tem matérias que exigem apoios do Governo da República” e deverá ser levado ao primeiro-ministro e ao Presidente da República pelo presidente do executivo dos Açores, Vasco Cordeiro.

Quando na semana passada os EUA confirmaram que vão retirar das Lajes 500 militares e civis, Vasco Cordeiro afirmou que iria pedir audiências urgentes a Passos Coelho e Cavaco Silva.

O plano de revitalização económica da Terceira, segundo a mesma fonte, prevê medidas como benefícios fiscais, sistemas de incentivos e programas de apoio a empresas.

A fonte disse que o executivo açoriano preparou este plano “em segredo” para a eventualidade de a decisão final dos EUA não ser “favorável”, como aconteceu, e ao mesmo tempo que foram desenvolvidos esforços diplomáticos, pelos governos nacional e regional, junto das autoridades de Washington, para tentar inverter a intenção norte-americana de reduzir a sua presença nas Lajes.

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A conclusão deste plano “apenas aguardava as conclusões do relatório” do Departamento da Defesa dos EUA, conhecido na semana passada, “para aferir da sua adequação aos temos concretos da decisão” norte-americana, disse ainda a fonte.

Os EUA apresentaram na semana passada as conclusões do relatório sobre a reorganização das forças militares norte-americanas na Europa, o qual prevê a redução gradual dos trabalhadores portugueses da base das Lajes de 900 para 400 pessoas ao longo deste ano, e dos civis e militares norte-americanos de 650 para 165.

No mesmo dia, Vasco Cordeiro considerou esta decisão dos EUA “uma monumental bofetada na cara do Estado português”, sublinhando que, depois de dois anos de trabalho diplomático, os norte-americanos confirmaram exatamente a mesma intenção em relação às Lajes.

Vasco Cordeiro disse também que o Governo português não pode adiar mais “o acionamento de meios que possam ajudar a lidar com o impacto social e económico desta decisão” na ilha Terceira e de “chamar à responsabilidade quem durante quase 60 anos utilizou a Base das Lajes nos termos em que utilizou”.

Defendendo que “chegou a altura de encarar este assunto de frente”, adiantou que, da parte do Governo dos Açores, serão acionados nos próximos dias mecanismos para “abordagem e reativação de alguns processos que já estavam em curso e que não tiveram visibilidade” nos últimos dois anos.

A contribuição dos EUA para a economia dos Açores, devido às Lajes, foi estimada em 105 a 150 milhões de dólares/ano (82 a 117 milhões de euros) por empresários norte-americanos que visitaram a Terceira em 2013.

Estes valores representam 3% do Produto Interno Bruto (PIB) dos Açores e perto de 14% do da ilha.