O valor sob gestão dos operadores nacionais de capital de risco ascendeu a 3,2 mil milhões de euros no final de 2013, o que representa uma subida de 10,9% face ao ano anterior, revela a CMVM. De acordo com o Relatório Anual da Atividade de Capital de Risco 2013, “o valor sob gestão do setor do capital de risco manteve [em 2013] a tendência de crescimento de anos anteriores” e representou cerca de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB). A subida verificada em 2013 representa um acréscimo de 312,9 milhões de euros face a 2012.

O capital de risco pode ser definido como uma atividade através da qual investidores proporcionam financiamento, em geral de médio e longo prazo, a empresas, usualmente não cotadas, com elevado potencial de crescimento ou valorização. De acordo com o relatório, este aumento deveu-se fundamentalmente aos fundos de capital de risco (FCR), com um crescimento de 378 milhões de euros, uma subida de 15,3% face ao ano anterior. “Tal significa que existe um compromisso por parte dos investidores em colocar fundos ao dispor do capital de risco, importantes para revitalizar e modernizar o tecido empresarial português”, destaca a CMVM.

Também o número de empresas alvo do capital de risco aumentou face ao ano anterior, sobretudo devido “ao valor direcionado para empresas residentes, contrariamente ao sucedido com empresas não residentes, cujo valor dos ativos afetos a participações sociais (sociedades anónimas e por quotas) diminuiu”. O relatório indica igualmente que a rúbrica de outros investimentos, em linha com anos anteriores, apresenta um peso muito significativo nos ativos sob gestão dos operadores de capital de risco.

“Esta situação é sintomática de que, como já se referiu em relatórios similares em anos anteriores, frequentemente, os operadores de mercado, em vez de assumirem riscos acionistas que se conformam com a natureza intrínseca do capital de risco, assumem posições típicas dos titulares de capital alheio (isto é, cedem capital em troca de um rendimento não dependente dos lucros das empresas), que é mais característica da atividade bancária”, refere a CMVM.

Em 2013, continuou a assistir-se à concentração da carteira dos operadores de capital de risco num reduzido número de participações, “pelo que o setor continua a ser heterogéneo em termos de sociedades, fundos e participações”. No mesmo ano, o capital de risco apresentava os seus investimentos distribuídos, fundamentalmente, pelas indústrias transformadoras, transportes e armazenagem. De destacar ainda que os operadores de capital de risco continuavam a ter em carteira “um valor muito significativo dos seus investimentos em setores em que o valor acrescentado bruto por trabalhador é inferior à média nacional.”

Por fim, o relatório conclui que em 2013 assistiu-se a um aumento ligeiro do domínio acionista do capital de risco nas empresas participadas, quer tendo em conta o número total de participações, quer considerando o valor total das mesmas. “Tal como em 2012, quer as sociedades de capital de risco (SCR), quer os FCR, apresentam menos-valias potenciais, a que não será alheia a envolvente macroeconómica adversa, ou ainda um grande peso do investimento novo feito nos últimos anos e que só a médio ou longo prazo gerará resultados positivos”, remata a CMVM.

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