O embaixador de Angola em Lisboa, José Marcos Barrica, afirma que a recente visita do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros português a Luanda representa um “passo” para retomar a realização de uma cimeira bilateral. O diplomata referia-se ao resultado da visita oficial que Rui Machete realizou a Angola entre 12 e 13 de janeiro e à cimeira programada para fevereiro passado, cancelada depois de anunciado pelo Presidente angolano, em outubro de 2013, o fim da intenção de avançar com uma parceria estratégica com Portugal.

“Não foi dada uma data, mas a cimeira vai formular a excelência das relações que devem testar as relações entre os dois países”, disse José Marcos Barrica, citado neste domingo pela agência de notícias angolana Angop. O embaixador de Angola falava durante a cerimónia de apresentação de cumprimentos de Ano Novo, em Lisboa, tendo garantido que, nas relações entre os dois países, a “nuvem negra está dissipada”.

“Deu-se um passo que era necessário para que a perspetiva da cimeira Angola-Portugal possa ser realizada como programado”, acrescentou Marcos Barrica. O diplomata observou ainda que “enquanto uns pretendem criar e se divertem com clivagens, o que nos interessa é que as relações institucionais e empresariais continuem de forma afincada e tenham norte e objetivos”.

Momentos antes de regressar a Portugal, na quarta-feira, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Rui Machete, garantiu que as relações com Angola estão a passar por “um momento alto” e que os “mal entendidos” com Luanda foram ultrapassados.

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“Eu penso que esses mal entendidos [nas relações entre os dois países] foram muito exagerados, mas estão definitivamente sanados. Aliás, a amabilidade com o que o senhor Presidente José Eduardo dos Santos me recebeu, e a conversa que tivemos, foi claríssima a esse respeito”, enfatizou aos jornalistas.

Rui Machete referiu que, nas palavras do chefe de Estado angolano, “os aspetos menores” das relações bilaterais estão agora “ultrapassados”. “É um novo ciclo que se inicia, muito positivo acho eu. Vou muito satisfeito com a recetividade que tive e as conversas que houve. E penso que do lado de Angola também houve o mesmo sentimento de satisfação. Portanto, estamos a viver um momento alto”, rematou o ministro.

Durante esta visita a Angola, o governante português reuniu-se ainda com os ministros das Relações Exteriores, Georges Chikoti, da Economia, Abraão Gourgel, e do Ensino Superior, Adão do Nascimento. Dos dois dias de reuniões resultaram também as preocupações assumidas pelos empresários portugueses em Angola, com os tempos necessários à aprovação de projetos ou concessão de vistos a trabalhadores nacionais.

Por outro lado, foi anunciado durante esta visita a realização em Luanda, no primeiro quadrimestre deste ano, de um fórum empresarial bilateral e o lançamento em simultâneo de um observatório das empresas dos dois países. Paralelamente, os dois governos vão estudar a criação de vistos empresariais, tendo também definido que as reuniões entre a comissão bilateral ministerial terão lugar pelo menos uma vez por ano, para “monitorizar os problemas”.