Não é segredo que a Igreja Católica rejeita a contraceção, mas o Papa Francisco fez questão de esclarecer que isso não significa que os católicos se reproduzam “como coelhos”, porque é possível um planeamento familiar natural. O Papa falou esta segunda-feira, em conferência de imprensa, durante o voo de Manila para Roma, finda a visita à Ásia, e apelou a uma parentalidade responsável.

“Alguns pensam, e desculpem o termo, que para sermos bons católicos, temos de ser como coelhos. Mas não”, disse o líder da Igreja Católica, que se opõe à medida do governo filipino de disponibilizar mais facilmente os contracetivos. A visita a este país deixou o Papa Francisco sensibilizado com a quantidade de crianças na rua, abandonadas pelos pais que não tinham condições para as criar, e com a história de uma mulher que apesar de já ter feito sete cesarianas, colocou a vida em risco ao engravidar novamente.

Apesar de serem maioritariamente católicos e muito conservadores, a população filipina acolheu a medida de controlo de natalidade implementada pelo governo como uma boa forma de reduzir a pobreza. “Acreditamos que é possível defender a saúde reprodutiva e as práticas de planeamento familiar, e mesmo assim ser um bom católico”, disse, citada pelo Walll Street Journal, Bicbic Chua, diretora executiva do grupo Católicos pela Saúde Reprodutiva, que apoiou esta iniciativa. “Fomos, e ainda somos, tratados como pecadores, mas o que é imoral para nós é trazer crianças ao mundo sem amor, cuidado adequado e alimentação.”

A Igreja Católica apoia os métodos de controlo natural de natalidade, como a abstinência sexual durante o período fértil da mulher. Na conferência de imprensa, o Papa Francisco acusou os países desenvolvidos de tentarem influenciar os estilos de vida e a moralidade dos jovens nos países mais pobres – como com certas medidas de controlo de natalidade e direitos homossexuais, segundo a BBC -, comparando-os mesmo com a ação da propaganda Nazi e Fascistas no século XX. “Chama-se colonização ideológica. Colonizam as pessoas com ideias e tentam mudar as mentalidades e estruturas.”

“O planeamento natural não funciona”, disse Mary Jane Judilla, trabalhadora dos serviços sociais de saúde, citada pelo Walll Street Journal. “Os padres não são especialistas nisto.” As mulheres católicas que frequentam a clínica de planeamento familiar de Tondo continuam a usar contracetivos, mas mentem aos padres para não perderem as regalias da igreja, como o apoio escolar. “Continuamos a ser católicos. Só estamos a fazer o que é melhor pela nossa família.”

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